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“Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.”

Platão

A pandemia mostrou ao país a importância de um sistema público de saúde capaz de cuidar de mais de 200 milhões de pessoas sem cobrar nada por isso. Logo ficou claro que sem esse sistema, um inimigo invisível, que já tirou a vida de mais de 178 mil brasileiros, faria muito mais vítimas. SUS é o nome desse sistema, que entrou em campo, mesmo com muitos problemas, como força de trabalho, materiais e financeiros insuficientes, levando com ele centenas de profissionais da saúde que têm como propósito fazer o melhor trabalho possível, fazendo entregas diárias, mesmo  longe de suas famílias e às vezes exaustivamente, mostrando na prática a grandeza e a potência de um grande time, que tem por base os princípios da equidade, da integralidade e da universalidade. 

E logo uma enorme torcida se forma e milhares de famílias vão às janelas ou às portas de unidades de saúde aplaudir o trabalho incansável de quem salvou seu ente querido. E cada vida salva é comemorado como um gol, pelos profissionais. Se somam a eles as sociedades científicas, muitas entidades da sociedade civil, cientistas e todos que precisam e torcem para o SUS se fortalecer em seus 32 anos de existência. 

Mas, muitos gols continuam sendo perdidos ou são marcados contra, em consequência do negacionismo e da incúria dos que atentam não apenas contra a ciência, mas contra a vida. Um desses quase gols contra ameaçou o SUS recentemente, quando tentou avançar sobre a Saúde Primária. Outro agora ameaça todo o ganho da Reforma Psiquiátrica, propondo o retorno ao modelo retrógrado de centralidade nas internações psiquiátricas. Os adversários do SUS querem o desmonte de tudo que já deu certo, como a extinção das “verdadeiras prisões de pacientes” da década de 1980, o que significou para centenas dessas vidas a oportunidade de tratamento e recuperação humanizados, próximos de seu mundo. A proposta, segundo nota  do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, propõe a revogação de todas as portarias que embasam o processo de construção do modelo comunitário de saúde mental e ameaça o programa de reestruturação da assistência psiquiátrica hospitalar no SUS, as equipes de consultório de rua, os serviços de Residência Terapêutica e o programa De volta para casa.  

Agora, mais um revés deixa as pessoas que vivem com HIV e hepatite C sem exames de genotipagem, por vencimento de contratos a atraso em compras, fragilizando todo um sistema de cuidados. A logística do Ministério da Saúde tem papel fundamental na prevenção do desabastecimento, e se isto não for criteriosamente executado pode ferir de morte não só quem vive com hepatite e HIV, mas todo um sistema de cuidados que já foi exemplo para o mundo.  

Em outro descuido 7 milhões de kits de testes para covid-19 permaneceram armazenados, prestes a vencer. Segundo pesquisadores, a testagem exerce papel importante para mapear o avanço ou diminuição do número de infectados, orientando a tomada de decisões pelo poder público, ao mesmo tempo em que também indica a situação clínica de cada uma das pessoas testadas.  Enquanto o SUS, com tudo que agrega e representa, resiste no enfrentamento da maior pandemia que o mundo já viu, o país claudica na preparação da vacinação, tão ansiosamente aguardada pela população, para afastar o recrudescimento de casos e mortes no país, somados a altos níveis de desemprego e graves consequências sociais, principalmente para os mais vulneráveis.

É urgente que se trace um planejamento competente e viável, para vacinar o maior número possível de pessoas, no menor tempo, em articulação com todos os estados. A vontade política é fator importante para tomada de decisões que não excluam ninguém. Num cenário de pandemia com tamanha proporção, não deve haver espaço para disputas ideológicas. 178 milhões de famílias choram seus mortos e não se pode perder tempo partidarizando a vacina. 

Por mais difícil que seja a luta para a preservação das estruturas de proteção social, o SUS resiste e cresce a torcida que veste sua camisa e entoa: “O SUS é nosso e ninguém tira da gente”. 

O Natal se aproxima e a Revista Radis faz um brinde virtual com todos os seus assinantes, desejando que a alegria, a solidariedade e a esperança estejam presentes nestes dias e possam ser renovadas para o ano de  2021. 

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