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A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (Conferência das Partes), a COP30, anunciou o Curupira, uma das personagens mais conhecidas do folclore brasileiro como símbolo do evento. O intuito foi reforçar a identidade brasileira com a natureza, uma vez que as florestas são um tópico central no debate sobre a mudança climática. Ainda que o Curupira seja um ícone antigo, não perde sua atualidade e dialoga com as novas gerações. Mas qual a relação entre o místico e o real? Quem faz esse papel de proteger as florestas?

Na densa floresta, dizem, habita uma criatura que amedronta quem pretende ferir a vida da fauna e flora desde quando essas terras ainda nem eram um país. Há quem diga que ele é um menino de cabelo vermelho, há quem diga que é um homem de baixa estatura, há também quem relate sobre sua força, mas o que ninguém discute é que ele é um dos principais símbolos da luta pela preservação ambiental. 

Curupira é um nome indígena de origem tupi-guarani que denomina um corpo pequeno — ou de criança —, com os pés virados para trás, para fazer se perder aqueles que querem fazer mal às matas. Segundo dizem, ele era temido até pelos indígenas por confundir e fazer enlouquecer quem queria prejudicar a floresta. Ele até mesmo se apossava do corpo de animais ferozes para cumprir com o seu propósito. 

Na lista do pequeno estão caçadores predatórios, quem desmata ou perturba o equilíbrio da natureza. Ele é o protetor dos animais, rios, árvores e, por que não, também dos povos da floresta?

Indígenas, ribeirinhos, quilombolas, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco babaçu, caiçaras… são tantos! Porém, hoje esses mesmos povos precisam se armar com a força do menino de cabelos vermelhos para ocupar espaços e fazer sua voz ser ouvida em meio ao barulho de tantas serras que derrubam as árvores e destroem os seus lares — as matas. Precisam correr com a velocidade emprestada pelo espírito da floresta contra o avanço destruidor da ganância daqueles que só enxergam o lucro acima da vida.

É engraçado para uma perspectiva de quem mora em regiões urbanas, imaginar árvores como casa, como vida para além da produção do oxigênio, como vida no sentido de ser uma extensão desses povos.

Desse modo, para a defesa da vida dos animais, das pessoas e da mata, com cada vez mais desmatamento, garimpo, mineração, queimadas — sem falar nos efeitos das mudanças climáticas —, é preciso o reforço de pessoas que cruzam as matas como defensores, incorporados com o espírito de luta pela ecologia e preservação dos recursos naturais. 

Vemos a força e o respeito pelas matas do Curupira na atuação de ativistas, ONGs, ambientalistas e todos os defensores da terra. Pessoas que muitas vezes precisam colocar a própria vida em risco em favor de uma luta que é muito maior que cada indivíduo. Os mesmos preceitos que são passados em atividades de conscientização ambiental, para tentar transmitir um pouco desse espírito às novas gerações.

Também é possível ver a determinação do menino de pés virados e chamas nos cabelos nos profissionais de saúde do SUS. Seja de avião, de carro, de barco ou andando, essas pessoas chegam até os lugares mais longínquos para preservar a vida daqueles que moram nas matas. São atores que respeitam os modos de viver nas florestas, a sabedoria ancestral daqueles que há séculos fazem parte e são peças fundamentais para a preservação da natureza.

Todos precisamos respirar, todos precisamos ter um pouco do espírito de guerra pela preservação ambiental.

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