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Em junho de 2024, Gabriela dos Santos, mãe de Ana Flor, 9 anos, recebeu um comunicado da escola da filha, pedindo que investigasse se a garota tinha Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), pois era inquieta em sala de aula. A gerente de Marketing procurou ajuda na Clínica da Família Maria do Socorro da Silva e Souza, na Rocinha, no Rio de Janeiro, que entre janeiro e agosto, realizou uma média de 1.480 atendimentos a crianças e jovens até 19 anos. O médico do serviço encaminhou Ana para um grupo de saúde mental infantil, coordenado na época por Tatiana Dias Martinewski, psicóloga especialista em saúde da família e comunidade.

Radis acompanhou dois grupos de atendimento a crianças e adolescentes na atenção primária na cidade do Rio de Janeiro para esta reportagem: um da Clínica da Família, na Rocinha; e outro do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, vinculado à Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). Também assistiu a uma manhã de capacitação para estagiários e profissionais de saúde da capital fluminense, realizada pelo psicólogo Eugênio Lacerda, do Centro de Saúde Escola. Conversou ainda com participantes desses grupos, seus responsáveis e com profissionais que utilizam a brincadeira como método de acesso às emoções de crianças e adolescentes.

“Depois do grupo, consigo dormir cedo e não preciso mais tomar suco de maracujá e chá de camomila para dormir”, afirma Ana Flor. — Foto: Eduardo de Oliveira.
“Depois do grupo, consigo dormir cedo e não preciso mais tomar suco de maracujá e chá de camomila para dormir”, afirma Ana Flor. — Foto: Eduardo de Oliveira.

“Ela melhorou bastante depois que veio para o grupo, porque precisava de uma rotina e o grupo me ajudou nisso”, explica Gabriela. Ana conta que antes do grupo dormia muito tarde e acordava cedo para ir à escola. A mãe recebia queixas de que ela estava cochilando em sala de aula. “Depois do grupo, eu me sinto muito mais feliz e mais solta. Consigo dormir cedo e não preciso mais tomar suco de maracujá e chá de camomila. Agora se eu deitar na cama, eu apago”, conta a menina, empolgada. 

Gabriela explica que conhecer o relato de outras mães fez com que ela parasse para refletir sobre a dinâmica da própria casa, onde vive com a filha e o companheiro. Hoje, em um emprego mais flexível, consegue estar mais tempo com Ana e proporcionar mais momentos de brincadeira para a filha. “Quando dá seis horas da noite, ela já não pega mais no celular. Sete horas já está jantando. Todo mundo agora janta cedo e dorme cedo. Está uma paz”, conta, com um sorriso que revela a alegria da conquista. Gabriela relata que anota toda a rotina de sono da filha para mostrar nas consultas de acompanhamento na Clínica. 

Na escola, o rendimento de Ana melhorou e as crises de dermatite atópica estão mais raras. “A dermatite dela é emocional. Se ela está feliz ou triste, ela já começa a se coçar. E desde quando ela veio para cá, é muito difícil ela ter crise”, compartilha. O grupo do qual Ana faz parte iniciou as atividades em junho de 2024, em um esforço coletivo de profissionais da Clínica da Família, sob coordenação da psicóloga Tatiana. “Na época, uma estudante de medicina que estagiava na Clínica fez um levantamento que mostrou que uma criança na Rocinha poderia levar cerca de 408 dias para ter acesso a um serviço especializado em diagnóstico para questões do desenvolvimento”, conta a profissional. 

Como era a única psicóloga do serviço para dez equipes, Tatiana não conseguia atender individualmente toda criança que precisava de acompanhamento, sendo necessária a criação de dois grupos de saúde mental: um para crianças de 4 a 7 anos e o outro de 8 a 12, com encontros quinzenais. Nos dias em que não estavam com as crianças e adolescentes, as equipes multidisciplinares se reuniam para discutir os casos e realizar capacitações. Atualmente, a Clínica não conta com atendimento psicológico, mas encaminha seus pacientes, por meio do Sistema de Regulação (Sisreg), para os 40 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) que contam com 11 Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (Capsi). 

— Foto: Juliana Barbosa.

Tatiana, que não trabalha mais na Clínica da Família, relembra o funcionamento dos grupos que fundou e atualmente estão sob coordenação do médico de família e comunidade João Lucas Castanho: “A gente envolvia muito a família. Muitas chegavam com aquele rótulo de terem uma ‘criança-problema’, e a gente convidava a enxergar aquela criança de outra maneira, que não fosse tão pejorativa e desvalorizada”, diz. A psicóloga recorda que o grupo era, muitas vezes, uma oportunidade para as mães e especialmente os pais exercerem a paternidade, por meio da brincadeira, do contato físico, do olhar e do carinho. 

“Sempre deixamos claro que aquele espaço não era de diagnóstico, mas de cuidado, enquanto esperavam na fila. Nesse tempo, muitos sintomas se diluíam, comportamentos e funcionamentos familiares eram compreendidos. Então, a gente tinha essa dupla efetividade: com a criança e com a família”, explica. Tatiana considera que um diagnóstico é importante em termos de tratamento e subjetividade, porém mais importante foi trabalhar com os responsáveis a noção de cuidado. “A gente sempre fala que na infância o diagnóstico é escrito a lápis, porque é um momento muito transitório e contextual”, afirma. 

Para a psicóloga, o maior benefício que as crianças experienciam nos grupos é sentirem que são ouvidas e respeitadas. Além disso, também conseguem articular melhor uma narrativa sobre si, sobre as famílias, sobre o que querem, por meio da criação de novos conjuntos familiares e sentimentos. “Brincar é saúde. Me preocupa uma criança que não brinca. Com a brincadeira ela dissolve lutos, consegue se relacionar com adultos e outras crianças”, afirma. 

No grupo, Tatiana considera que ela e seus colegas atuavam como mediadores entre as crianças e a brincadeira, suas famílias e o próprio território. “O efeito da brincadeira de poder celebrar a vida, comemorar, tanto para crianças quanto para adultos, é também protetivo diante de um contexto de violência”, diz.

“Antes eu era agitado, mas agora estou controlando essa ‘agitatice’, essa ansiedade”, Benjamin se autoavalia. — Foto: Eduardo de Oliveira.

“Antes eu era agitado, mas agora estou controlando essa ‘agitatice’, essa ansiedade”, Benjamin se autoavalia. — Foto: Eduardo de Oliveira.

João Lucas Castanho, médico de família e comunidade na Rocinha, realiza a preceptoria dos residentes de medicina nesses grupos de saúde mental para crianças e adolescentes da unidade. Em sua especialidade, o método centrado na pessoa é privilegiado em relação ao modelo biomédico, em que a doença (com seus sinais e sintomas) prevalece. “Quando a gente centra na pessoa, a gente foca na experiência de adoecimento que ela vive e não na doença, mas esse método não necessariamente traz uma estratégia de comunicação para alcançar a criança”, analisa.

Atualmente, João Lucas está fazendo uma seleção de mestrado para tentar, através de sua pesquisa, criar um modelo de atendimento voltado a crianças e adolescentes em Unidades Básicas de Saúde. “O cuidado centrado na criança já é estabelecido na perspectiva do direito da criança. É aquela hora que a gente pega o ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] e faz valer”.

— Foto: Eduardo de Oliveira.

O médico afirma que, pela perspectiva do Estatuto, a criança vai participar de decisões informadas sobre o que diz respeito a ela, decide junto e recebe explicações adequadas ao seu desenvolvimento. A grande questão, segundo o profissional, é como integrar esse direito ao atendimento.

João Lucas dá algumas dicas a colegas que trabalham com crianças: “É importante evocar a nossa própria infância e pensar como a gente se sentia quando estávamos em um ambiente todo branco, com pessoas falando em cima de nós sobre o que a gente não entendia”, pontua. Depois sugere que os responsáveis antes da consulta conversem sobre o que vai acontecer no dia seguinte e não levem a criança ao consultório fingindo estar indo a outro lugar, porque isso pode influenciar no modo como ela vai acessar o cuidado futuramente, como acontece frequentemente com adultos que têm medo de ir ao dentista. Outra sugestão é não associar a saúde a uma punição, como às vezes é comum no discurso que diz que se a criança não se comportar vai tomar vacina.  

“Essa participação informada traz muito sobre ser cidadão. A gente não está fazendo isso porque é legal, ou porque gosta de criança, ou porque é devoto de algum santo. A gente está fazendo isso porque entende que isso é promover cidadania. E não existe saúde sem cidadania”, aponta. O médico relembra um dos princípios do SUS, a integralidade, que pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial. “Ele não é só um paciente. É um cidadão. Então não vai atingir saúde enquanto não alcançar a cidadania. Uma coisa caminha junto com a outra”, afirma. 

O médico indica outras estratégias aos profissionais na hora do atendimento: escutar a criança e colocá-la na cadeira do paciente; criar um ambiente acolhedor com brinquedos e jogos acessíveis, como pega-vareta e memória das emoções; criar um espaço para brincar no chão; folha para desenhar e não um pedaço de receita que não serve mais; lápis de cor com apontador; canetinhas. O resultado pode surpreender: “Quando há essa abertura, muitas crianças falam o que os pais não esperavam ouvir, ao trazerem detalhes de suas experiências”, conta. 

— Foto: Eduardo de Oliveira.

Cada criança tem uma necessidade específica e o plano terapêutico é conversado com a família sobre a necessidade ou não de se fazerem encontros com mais frequência, especialmente se tiverem queixas de questões de desenvolvimento, mais comuns entre os 3 e 8 anos, no território onde João Lucas atua. 

O cuidado centrado na criança incentiva a autonomia, reduz a ansiedade (já que ela está consciente do processo) e pode melhorar a autoestima de crianças e adolescentes. Com essa abordagem, o desejo individual (e não apenas da família) é priorizado no atendimento, especialmente após os 14 anos, quando já é possível ter uma compreensão mais elaborada sobre o próprio contexto de saúde. 

Esse modelo é muito útil, como aponta o artigo científico “Cuidado Centrado na Criança e sua  interface com os direitos humanos do paciente pediátrico: uma crítica ao modelo de Cuidado Centrado na Família”, escrito por Kalline Eler, Maritza Breder e Aline Albuquerque, especialmente para adolescentes com doenças crônicas ou terminais. Além disso, questões religiosas também podem influenciar na noção de cuidado que a família tem, que pode ser diferente do que o adolescente gostaria de receber, como em relação à transfusão de sangue ou adoção de métodos contraceptivos.

Eugênio, João Lucas e Tatiana ministraram oficina em Manaus sobre como o brincar é essencial para diagnósticos de questões do desenvolvimento.

João Lucas, Tatiana e Eugênio Lacerda, psicólogo do Centro de Saúde Escola da Ensp/Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, realizaram em junho de 2025 uma oficina sobre diagnósticos para questões do desenvolvimento no 18º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade, em Manaus. Tanto João Lucas quanto Tatiana cursaram capacitação com o psicólogo que há quatro décadas dedica sua carreira às infâncias. 

“O brincar é a essência do desenvolvimento infantil. Não tem como a criança se desenvolver sem brincar. A brincadeira estimula as esferas emocional e cognitiva”, constata Eugênio. Mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá, ele avalia que nossa sociedade vem retirando o brincar das crianças. “Nas classes mais favorecidas financeiramente, há um excesso de atividades, em que a criança não tem tempo livre de brincar. Parece que desde que entra no berçário já está sendo preparada para o Enem”, critica.

Eugênio observa que crianças com tempo livre, inclusive, longe das telas, são muito mais criativas, conseguem encontrar soluções para problemas com mais facilidade, inventam brincadeiras e sofrem menos, porque sempre estão inventando. Já as que estão expostas a esse excesso sofrem mais de tédio, “como se elas tivessem deixado de criar a própria brincadeira e tivessem sempre dependendo de alguém que as dirigisse”. Além disso, nas classes menos favorecidas, o psicólogo reforça a influência da violência urbana como fator que retira espaços públicos do brincar. 

Leia também entrevista com a terapeuta ocupacional Renata Maria Silva Santos sobre influência das telas no desenvolvimento infantil

Ele explica ainda que crianças que têm dificuldades de aprendizagem são mais inquietas, têm mais dificuldade de prestar atenção, de desenvolver as funções executivas que envolvem o neurodesenvolvimento, como antecipação, planejamento, controle, resolução de problemas e memória.

— Foto: Eduardo de Oliveira.

No Centro de Saúde da Ensp, Eugênio, junto com a também psicóloga Ludmila Sebba, coordenam dois grupos que recebem crianças de 5 a 12 anos, às segundas e quintas-feiras. João Miguel, 11, faz parte do grupo da segunda-feira há um ano. Ele diz que é importante frequentar o espaço para “aprender a melhorar as minhas emoções, a minha criatividade, a minha arte… Melhorar as coisas aqui de mim”. 

O garoto conta que compartilha com os colegas do grupo o que aprende na aula de educação física da escola. “Eu mostro as brincadeiras, invento outras. Eu sou muito criativo aqui do lado de fora. Lá dentro [da sala], tem vários brinquedos que eu sou muito experiente”, faz esse contraponto para demonstrar que seu interesse maior está em realizar brincadeiras ao ar livre. 

João conduz nossa entrevista dizendo o que gostaria de abordar: começou falando que é do signo de libra, faz aniversário em 3 de outubro; refletiu sobre suas amizades, depois contou da viagem que a família está programando para o Rio Grande do Norte no final do ano; reconheceu o esforço que a mãe faz para cuidar dele e do irmão Murilo, 7. “Ela se aposentou como professora, ainda jovem, para cuidar só da gente.” Perguntei o que ele achava disso. Ele respondeu: “Isso é um amor de verdade. Isso é um amigo leal para o resto de uma vida toda.”

Para João participar do grupo é importante para “aprender a melhorar as minhas emoções, a minha criatividade, a minha arte... Melhorar as coisas aqui de mim”. — Foto: Eduardo de Oliveira.
Para João participar do grupo é importante para “aprender a melhorar as minhas emoções, a minha criatividade, a minha arte… Melhorar as coisas aqui de mim”. — Foto: Eduardo de Oliveira.

Sua mãe, Viviane Batista, pedagoga e empreendedora, recebia reclamações da escola de que João tinha muita dificuldade de se concentrar. Mesmo antes, com dois anos e meio, a creche já reclamava que ele não seguia os comandos, como ficar na fila. Queria subir no armário, tinha muita energia. Era intenso demais. Desde muito cedo, Viviane coleciona tentativas em busca de avaliação e ajuda para seu filho, que também já teve dificuldade na coordenação motora, amenizada com as aulas de judô. 

Aos 6 anos, ele começou a fazer atendimentos individuais com Eugênio, que suspeitou de autismo. Aos 7, passou por uma avaliação neuropsicológica que confirmou a suspeita e constatou o autismo nível 1 de suporte. João convive com momentos em que mexe as mãozinhas (flapping) quando está relaxado em casa, uma forma de se autorregular emocionalmente. Também lida com períodos de hiperfoco. Aos quatro anos, por exemplo, tinha uma coleção em rodas. Em outras fases, os interesses variam: Titanic, 2ª Guerra Mundial, mapas, Homem-Aranha. Na nossa entrevista, o futebol ocupou vários minutos.  

Assim como João, Benjamin Faria Figueiredo, 9, também gosta de futebol. No dia em que nossa reportagem acompanhou o grupo, ele vestia uma camisa do Barcelona, mas, na verdade, queria ter usado o macacão do Homem-Aranha. A mãe Lídia Cristina Faria, telefonista do Centro de Saúde, proibiu: “Toda segunda é a mesma roupa. As pessoas vão achar que ele não tem outra”, disse, brincando. Há mais de um ano, Benjamin frequenta o grupo com regularidade. Já participou em outros momentos, mas por causa da falta de tempo da mãe e da irmã mais velha, de 22 anos, com quem também mora, não conseguia ser tão assíduo. 

Lídia recebia reclamações da escola por ele ser muito agitado. Observava ainda que o filho tinha dificuldade em fazer amizade com crianças de sua idade, enquanto tinha facilidade para conversar com adultos. Hoje, no grupo, que atende nos dois dias cerca de 25 crianças e adolescentes, a mãe percebe a diferença: “Depois que ele sai do grupo, ele fica mais calmo, menos ansioso, consegue socializar com outras crianças”, diz. Ela conta que, através das brincadeiras propostas pela equipe, ele consegue “ouvir mais, parar um pouco”.

Benjamin reconhece sua mudança após os encontros semanais: “Hoje em dia não estou mais de castigo, porque eu era o Benjamim 1.0: bagunça, bagunça, Nossa Senhora, bagunça, bagunça. O 2.0 era rápido, rápido, correria. O 3.0 hoje é calminho. Antes eu era agitado, mas agora estou controlando essa ‘agitatice’, essa ansiedade”, faz uma autoavaliação. Ele pede para olhar meu caderno onde anoto as observações da entrevista. Quando pergunto como Eugênio trata as crianças do grupo, ele responde: “Melhor do que nunca”. E pede para eu escrever: “Parece um pai pra mim e coloque um coração”. Benjamin conta que no grupo fez amizade com João e Yuri. Na escola, é amigo de todos do time de futebol.

Eugênio dá uma pista de como identificar se uma criança está se desenvolvendo bem: “Ela nem é quieta demais, nem é agitada em excesso. É obediente até um ponto, desobedece um pouco, porque se for passiva demais, a gente tem que pensar, porque a criança é ativa”. Ele critica o excesso de conteúdo passado para crianças muito pequenas, muito comum já a partir dos 4 anos. 

Um excesso que pode impactar, inclusive, na própria aprendizagem e, às vezes, no desenvolvimento emocional. “As escolas põem a criança sentada por 4, 5 horas fazendo atividades com papel e um lápis e 20 minutos de recreio. Onde foi parar a infância? Ela só tem 6 anos”, questiona. A longo prazo, uma criança que não brinca, de acordo com o psicólogo, pode desencadear sintomas de ansiedade e depressão, como tem sido comum em sua experiência clínica.

Serviço

Aprenda a construir jogos e brincadeiras para usar no atendimento a crianças e adolescentes, através do material desenvolvido pela Fiocruz, em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

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Triagem para autismo

O Ministério da Saúde lançou em setembro uma nova linha de cuidado para Transtorno do Espectro Autista (TEA), com orientações atualizadas para identificar sinais precoces em crianças entre 16 e 30 meses de idade, através do M-Chat, um teste que estará disponível na Caderneta Digital da Criança e no prontuário eletrônico E‑SUS. Todas as crianças dessa faixa etária atendidas na Atenção Primária devem realizar o teste de detecção de sinais de autismo como parte da avaliação de desenvolvimento.

Os integrantes dos grupos de saúde mental da Clínica da Família da Rocinha fizeram o M-Chat, de acordo com o médico de família e comunidade João Lucas Castanho. “O instrumento é para abertura de investigação, não para diagnóstico. A intervenção precoce é o que mais muda o desfecho. Então, se a gente puder detectar agilmente, é positivo”, explica. O médico pontua que o próprio uso de telas pode alterar o desenvolvimento e comportamento da criança e do adolescente, por isso é importante considerar as influências ambientais e contextuais durante a aplicação e a avaliação do M-Chat. “O diagnóstico precisa servir ao cuidado e não o oposto. Nem todos que necessitam de cuidado têm algum diagnóstico”, afirma.

Já o psicólogo Eugênio Lacerda comemora: “A notícia vem em boa hora! Precisamos com urgência ampliar a rede de cuidados da pessoa com deficiência e com autismo. A colocação de intervenção e orientação específica mesmo não tendo diagnóstico fechado é muito importante”, pontua, mas também faz uma ressalva: “Cuidar a partir de sinais é um caminho possível e importante, mas não rotular de forma definitiva é fundamental. As ações familiares continuarão focadas na boa qualidade relacional e na ludicidade, com algumas orientações mais específicas que os profissionais poderão dar às famílias”.

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