“Para morrer como um passarinho: Histórias reais de amor, cuidado e redenção no fim da vida” é um livro de Daniel Dornelas, publicado em 2024 pela editora Oficina Raquel. A obra narra, por meio de trinta e três crônicas, a experiência real de um estudante de medicina inserido em uma equipe de cuidados paliativos. Com uma escrita sensível e cativante, Daniel surpreende ao abordar um tema tão delicado quanto a morte, transformando-o em reflexões profundas sobre a vida e sua inevitável finitude.
O autor nasceu em Caratinga, Minas Gerais, mas foi criado na Zona Rural de Santa Bárbara do Leste. Sua escolha pela medicina foi profundamente influenciada pela convivência com seu irmão gêmeo, Davi, que viveu 22 anos com uma síndrome rara. Para o estudante, a escrita é uma forma de cura, tanto para si quanto para seus leitores. “Para morrer como um passarinho” é seu primeiro livro, e nele transparece sua sensibilidade e compromisso com a humanização da medicina.
“Se a morte é a única certeza que a vida nos dá, é preciso naturalizar a finitude humana e atenuar o sofrimento.”

A obra reflete sobre o tema dos cuidados paliativos, que são destinados a pessoas com doenças graves, progressivas e que ameaçam a continuidade da vida. “Se a morte é a única certeza que a vida nos dá, é preciso naturalizar a finitude humana e atenuar o sofrimento”, diz o autor, em um trecho.
No contexto dos cuidados paliativos, o foco não está mais na cura da doença, mas sim no alívio do sofrimento físico e emocional daqueles que se encontram em estágio avançado ou terminal, oferecendo dignidade e qualidade de vida até o último instante. Daniel enfatiza a urgência de fortalecer os cuidados paliativos no Sistema Único de Saúde (SUS), destacando que discutir a finitude é essencial para que mais pessoas possam ter o seu final em paz.
Esse é um diferencial da obra, que alia uma abordagem sobre as histórias pessoais de finitude com a importância das políticas públicas voltadas para o cuidado no SUS. O autor ressalta o papel do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), criado em 2011 pelo Ministério da Saúde, como parte do Programa Melhor em Casa. A iniciativa pretende humanizar o atendimento médico, reduzir internações desnecessárias e proporcionar uma recuperação mais acolhedora, garantindo que os pacientes possam permanecer no conforto de seus lares, cercados por familiares e cuidadores.
Finitude e vida
As crônicas reunidas no livro não falam apenas sobre a morte, mas, sobretudo, sobre a vida. Cada capítulo apresenta uma nova história experienciada por Daniel e sua equipe, revelando os desafios, aprendizados e emoções que permeiam a rotina do atendimento paliativo. Entrar em um lar em momentos de fragilidade extrema exige não apenas conhecimento técnico, mas também uma enorme carga de sensibilidade e empatia, características que se tornam indispensáveis para lidar com os pacientes e suas famílias.
“Para morrer como um passarinho” é um convite à reflexão sobre a finitude, os afetos e a maneira como encaramos os últimos momentos de quem amamos. Através de sua escrita poética e envolvente, o autor desmistifica a morte, mostrando que ela não é um fracasso, mas uma parte natural da existência. E que, apesar de dolorosa, pode ser vivida com serenidade, amor e dignidade. Afinal, morrer como um passarinho é partir em paz, cercado por quem se ama, no tempo certo.
O que são cuidados paliativos?
Cuidado paliativo é uma abordagem que busca melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio do alívio do sofrimento, tratamento da dor e de outros sintomas de natureza física, psicossocial e espiritual. Leia sobre o assunto na Radis 168.
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