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Quando ingressei no Radis em 2013 estava convicto que o trabalho seria moleza. Diagramar texto numa revista, posicionar as fotos, algum tratamento de cor, fechar arquivo e pronto: repete tudo mês que vem. Oriundo do “mercado” e já com experiência, a função do designer gráfico não parecia oferecer desafios. Mal sabia eu o que me aguardava.

Meses e anos se esticaram enquanto fui exercendo com minha parceira, na época Carolina Niermeyer, a função de fotógrafo, cobrindo eventos e as belas reportagens já relatadas aqui nessa edição. Tenta imaginar o que foi acompanhar nossos talentosos repórteres pelos quatro cantos do Brasil, nos aventurando desde travessias de barcos turbulentas, intimação por traficantes em zonas de risco, aquele corre-corre em dezenas de eventos e conferência de saúde.

Foi então aí que o ofício se tornou desafio. Participar da apuração da matéria, tentar entender e captar o momento presente, o contexto da reportagem e não só transpor tudo isso numa bela foto, mas viver de verdade aquela pauta. Porque para conquistar a confiança das pessoas – às vezes de zona rural, às vezes moradores de rua – você não pode invadir o espaço simplesmente e sair apertando o botão da câmera. Sem empatia real o “click” não acontece e pode comprometer todo o trabalho.

Toda a riqueza vivida durante uma apuração é fundamental também para a segunda parte do trabalho que é conceituar visualmente tudo aquilo que vivenciamos somado ao olhar e ao enfoque particular que cada repórter imprime no seu texto. Isso nos torna co-autores e co-responsáveis por aquilo que vai sair mensalmente na revista.

E quando chega a hora de criar as lindas capas que sintetizam varias matérias? É a hora do designer brilhar e receber os louros da vitória e todos os elogios. Afinal, ele é o gênio solitário que vai sempre tirar uma idéia brilhante da cartola, né? Errado.Mais uma vez o coletivo se faz necessário e o processo procura envolver não só o repórter, mas também o demais colegas do Radis para um brainstorm e definição da melhor ideia para aquela edição.

Não foi moleza como pensei, mas com a ajuda mútua consegui provar pra mim mesmo e desmitificar a figura do designer como aquele nerd que fica trancado numa sala escura de frente para um monitor e executando as ordens nos seus programas de edição.

A vida acontece lá fora.

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