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A notícia virou história. Está publicada na revista Súmula, de maio de 1994, editada pelo Programa Radis antes da revista atual, nas décadas de 1980 e 90. O título da nota é: “Modelo cubano vai atingir 14 cidades” [depois esse número chegou a 55 municípios, com 328 equipes, ainda em 1994]. Trata-se da criação do então Programa Saúde da Família, mais à frente reconhecido como Estratégia Saúde da Família (ESF), modelo organizador da atenção primária do país.

Essa nota de Súmula, que pode ser considerada um registro de nascimento da ESF, foi a primeira de muitas abordagens de Radis sobre o assunto. Ao longo dos trinta anos da saúde da família, celebrados em 2024, as reportagens acompanharam a expansão das equipes e o sucesso em promover melhorias nos indicadores de saúde. Também testemunharam a chegada do Programa Mais Médicos, destacaram a importância do trabalho dos agentes comunitários de saúde (ACS) e ressaltaram a consolidação de um modelo de base comunitária.

Em anos mais recentes, Radis registrou ainda as pressões políticas que levaram ao sufocamento financeiro da ESF, a criação de uma Nova Política de Atenção Básica (Pnab), em 2017, e todas as consequências para o funcionamento das equipes. E entre avanços e retrocessos, não deixou de destacar que a ESF é um dos motivos de orgulho do SUS. 

Nos 30 anos da ESF, confira algumas edições que contam um pouco a história da saúde da família no Brasil.

Psicólogos em equipe

Radis 260, maio de 2024

O que faz uma psicóloga em uma unidade básica de saúde? Radis visitou a Clínica da Família Anna Nery, no bairro do Rocha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para mostrar o trabalho de uma psicóloga na saúde da família. A profissão integra as chamadas Equipes Multiprofissionais na Atenção Primária à Saúde (eMulti), antigo Nasf, que atuam tanto em atendimentos individuais quanto em ações coletivas.

Criado em 2008, o Nasf possibilitou a presença de equipes multiprofissionais na ESF, com a integração entre médicos, enfermeiros e profissionais de diferentes áreas do conhecimento, como assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, entre outros. A partir de 2016 e 2017, a iniciativa sofreu uma série de desmontes, com o congelamento dos repasses, e foi retomada em 2023 com o nome de eMulti. Leia a matéria aqui.

SUS, a maior torcida do Brasil

Radis 219, dezembro de 2020

No ano em que completou 30 anos de sua regulamentação, com a lei 8.080 de 1990, o Sistema Único de Saúde (SUS) se deparou com o maior desafio de sua história: a pandemia de covid-19. Mesmo com bola dividida e torcida contra, o SUS entrou em campo e mostrou o quanto é imprescindível para garantir o direito à saúde para a população brasileira. 

A reportagem, assinada por Luiz Felipe Stevanim, mostrou que, apesar do contexto adverso, o nível de confiança da população no SUS nunca foi tão alto. Entre os entrevistados, estava o médico de família e comunidade Alisson Sampaio Lisboa, integrante da Rede de Médicos e Médicas Populares (RMMP). Ele ressaltou que o modelo brasileiro de saúde da família é referência no mundo, pois se baseia em uma atenção primária com foco na orientação territorial e comunitária, participação dos agentes comunitários de saúde (ACS) e trabalho multiprofissional. Leia aqui.

Desmonte em curso

Radis 207, dezembro de 2019

Em um contexto de desfinanciamento do SUS, o Ministério da Saúde lançou o programa Previne Brasil, em novembro de 2019, para alterar as regras de repasse à atenção primária. Organizações do movimento sanitário criticaram as mudanças, por não levarem em conta o controle social e por descaracterizarem os princípios da saúde da família.

Até então, o Piso da Atenção Básica possuía um valor fixo (chamado PAB Fixo) — calculado de acordo com a população do município — e outro variável (PAB variável), que levava em conta a implementação de estratégias como saúde da família e saúde bucal. As novas regras passaram a considerar a quantidade de pessoas cadastradas pelos serviços de atenção básica, além de indicadores de desempenho. Entenda o que isso representou na matéria de Luiz Felipe Stevanim. Radis voltou ao assunto na edição 234, de março de 2022, com texto de Liseane Morosini, que mostrava que menos recursos na atenção básica significam menos acesso à saúde.

Edição especial Atenção básica

Radis 183, dezembro de 2017

A nova Política Nacional de Atenção Básica (Pnab), aprovada em agosto de 2017, afetou diretamente a ESF, com redução de equipes e de carga horária, e atingiu o trabalho dos agentes comunitários de saúde (ACS). Em meio aos debates sobre as consequências dessas mudanças para o SUS, Radis publicou uma edição especial sobre atenção básica, em que conversamos com trabalhadores e trabalhadoras que vivenciam as dificuldades e as potencialidades da saúde pública.

Na edição especial, Radis avaliou as mudanças trazidas pela Pnab de 2017 e seus impactos no funcionamento do sistema, na oferta de serviços e na saúde de usuários, ao mesmo tempo em que reforçou a defesa da atenção básica como uma porta que deve estar sempre aberta para a promoção da saúde universal, integral e equânime, como prevista na Constituição. Leia aqui.

Especialista em gente

Radis 171, dezembro de 2016

A medicina de família e comunidade é aquela que cuida de forma longitudinal, integral e coordenada da saúde de uma pessoa, “considerando seu contexto familiar e comunitário”, como define a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC). 

O perfil dos médicos e médicas de família e comunidade foi tema da reportagem de capa da edição 171, de dezembro de 2016, assinada por Elisa Batalha, que conversou com esses profissionais durante a 21ª Conferência Mundial de Médicos de Família, organizada pela Organização Mundial de Médicos de Família (Wonca). Essenciais na estrutura do SUS, esses profissionais propõem atenção focada na resolutividade e no cuidado.

Mais Médicos

Radis 134, novembro de 2013

Em julho de 2013, o Ministério da Saúde lançou o Programa Mais Médicos para suprir a escassez ou a ausência desses profissionais na atenção primária, um dos principais desafios para a expansão da cobertura da ESF. Em meio às polêmicas geradas pela vinda de médicos cubanos, Radis foi até Goiás, com Bruno Dominguez e Felipe Plauska, para mostrar como a chegada de mais médicos ajudou a melhorar a assistência à saúde da população. Relembre a edição aqui.

ACS, o coração do SUS

Radis 82, junho de 2009

Cerca de 700 agentes de saúde de 12 estados se reuniram em Valença, no Sul da Bahia, para o 2º Encontro Nacional de Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias. Em pauta, a luta dos ACS e dos agentes de combate a endemias (ACE) contra a precarização da profissão, considerada por muitos a base do Sistema Único de Saúde, mas ainda em luta por reconhecimento.

O repórter Adriano De Lavor foi até Valença e conversou com diversos agentes, entre eles Roque Honorato, um dos mais antigos da região. Leia a reportagem aqui. Em 2024, ele voltou a procurar Seu Roque, que é hoje presidente de honra da Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias (Conacs), aos 86 anos. Leia aqui.

De volta a Icapuí

Radis 62, outubro de 2007

Em junho de 1991, o Jornal Proposta — uma das publicações editadas pelo Programa Radis, antes da atual revista — foi até Icapuí, no litoral do Ceará, para conferir a experiência inovadora de implantação do Sistema Único de Saúde na cidade, que havia se emancipado cinco anos antes do município vizinho, Aracati [Proposta nº 29]. Vinte e cinco anos depois, Radis retorna a Icapuí para conferir como andava o SUS na cidade, com a implementação da Estratégia Saúde da Família (ESF). Segundo as pessoas ouvidas pela reportagem, a grande inovação na saúde do município foi a prática das visitas domiciliares, que aproximou os profissionais de saúde das pessoas. Leia aqui.

Tamanho das equipes

Radis 51, novembro de 2006

É viável aumentar o número de profissionais nas equipes de Saúde da Família? Essa foi a pergunta que norteou a matéria de capa da edição 51, de novembro de 2006, que partiu das discussões do 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão) para refletir sobre os modelos de equipe da ESF. 

Criada em 1994, a estratégia propõe que uma equipe acompanhe um número definido de famílias, localizadas em área geográfica delimitada, prestando serviços de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde da comunidade, seja em unidades básicas de saúde (UBS) ou na casa das pessoas. Leia aqui.

10 anos de saúde da família

Radis 23, julho de 2004

Para celebrar os 10 anos da saúde da família, Radis foi a Brasília para a 2ª Mostra Nacional sobre o tema, em junho de 2004. A reportagem destacou que o então Programa Saúde da Família (PSF) se fortalecia como ação organizadora da atenção básica e como porta de entrada do SUS em muitos municípios. 

Profissionais e pesquisadores da área defendiam que o “P” de programa deveria ser trocado por “E” de estratégia. Afinal, a palavra programa pressupõe algo que tem início, meio e fim. Segundo a matéria, a saúde da família atingia então 60 milhões de pessoas, o que correspondia a cerca de 37% da população brasileira. A reportagem mostrou ainda que, para fortalecer o programa em municípios de grande porte, o governo havia criado em 2003 o Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (Proesf). Leia aqui.

Experiências pioneiras com os ACS

Revista Tema, n. 15, outubro de 1997

Municipalização, responsabilidade dos entes federados, financiamento e equidade eram questões em pauta na primeira década do SUS, quando Radis esteve no 5º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Águas de Lindoia (SP), em 1997. A cobertura do encontro esteve nas páginas da revista Tema, publicação do Programa Radis anterior à revista atual.

A reportagem de Rogério Lannes mostrou que experiências bem sucedidas de atenção à saúde da família em diversos municípios brasileiros levaram o Ministério da Saúde, a partir de 1994, a adotar um programa baseado em equipes multidisciplinares. A figura do ACS foi essencial para garantir o sucesso dessa estratégia. O Programa Médico de Família de Niterói (RJ) foi lembrado como iniciativa bem sucedida inspirada em um modelo pré-existente — o cubano — para a construção de um programa adequado a uma realidade local. Acesse aqui.

Nasce a Saúde da família

Revista Súmula, n. 48, maio de 1994

Está na Súmula n. 48, de maio de 1994: “o Governo Federal lançou o Programa Saúde da Família, integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS), que garantirá assistência médica em período integral e continuado a todos os integrantes de uma família”. O título da notícia que circulou na publicação editada pelo Programa Radis era: “Modelo cubano vai atingir 14 cidades” [depois esse número chegou a 55 municípios, com 328 equipes, ainda em 1994].

Segundo a notícia, o governo adotou o modelo que a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói (RJ) importou de Cuba, onde o acompanhamento médico do paciente é feito na própria comunidade. Acesse aqui.

Confira outras matérias do projeto Memória Radis clicando aqui

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