O Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz) apresentou, no dia 10 de dezembro de 2024, o projeto de preservação do acervo fotográfico de João Roberto Ripper, renomado fotógrafo humanista. Aos 71 anos, com meio século dedicado à documentação de diversas realidades brasileiras, Ripper defende um olhar humanitário, intimista e sincero em sua fotografia, destacando a singularidade e a peculiaridade de cada pessoa que retrata.
Seus registros, focados na defesa dos direitos humanos e na preservação da memória brasileira, foram celebrados, não por acaso, na data que marca o Dia Internacional dos Direitos Humanos, com o evento Direitos Humanos em Imagens: apresentação do projeto Preservação, acesso e disseminação do acervo fotográfico João Roberto Ripper, conduzido pelo Icict.
Durante o evento, Ripper compartilhou histórias sensíveis e únicas por trás de suas imagens. Ele revelou contextos que apenas fotos isoladas por vezes não dão conta de transmitir integralmente, trazendo ainda mais profundidade e reflexão sobre as obras. “Vale a pena ser fotógrafo, se você fotografar com amor”, afirmou o artista, ao destacar o respeito e a atenção dedicados a cada uma das pessoas retratadas em seu trabalho.
Seu discurso, marcado por lucidez e memória, reforça o compromisso com uma fotografia que humaniza e dá voz aos invisibilizados. “Ripper se coloca como um aliado dos povos injustiçados em todo o país, empregando seu trabalho para destacar a beleza e a dignidade das pessoas que registra em suas imagens”, destaca um trecho do texto de apresentação do acervo, no banco de imagens da Fiocruz.
As obras de Ripper são atravessadas por uma visão ampliada de saúde. Além da documentação de adversidades, como violência e trabalho análogo à escravidão, observados ao redor do Brasil, suas lentes também capturam momentos de amor e afeto entre famílias, casais e amigos, mesmo nesses cenários de vulnerabilidade.
“O Estado em si não é nada, ele só existe por causa das pessoas”, disse o fotógrafo, resumindo a essência de seu trabalho: uma narrativa visual que busca dignificar as experiências humanas em todas as suas complexidades. Ripper destaca que o afeto entre pessoas pobres raramente é registrado e que busca trazer à tona a beleza dessas relações, sem desviar o foco das dores que as atravessam.
Algumas de suas fotografias também ajudaram a narrar a reportagem sobre direitos humanos, mudança climática e saúde, desta edição (páginas 20 a 27). As imagens de João Roberto Ripper ilustram contextos, realidades e povos retratados no texto assinado por Adriano De Lavor e Glauber Tiburtino.
O acervo de Ripper, agora disponível em acesso aberto na plataforma Fiocruz Imagens, é composto por 76 fotos digitalizadas e representa uma ferramenta valiosa para pesquisa e educação. Mais do que um arquivo histórico, o legado de João Roberto Ripper torna-se uma inspiração para a construção de narrativas que humanizam e promovem a reflexão sobre a sociedade brasileira. A preservação desse trabalho é essencial para a discussão a respeito da luta pelos direitos humanos.
Serviço
Galeria Acervo João Roberto Ripper (Fiocruz Imagens)
Link para acesso: https://bit.ly/acervoripperfiocruz
As fotografias do acervo só poderão ser usadas para fins jornalísticos, informativos, educativos, artísticos e em campanhas humanitárias.
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