O ano de 1986 foi marcado pela realização da icônica 8ª Conferência Nacional de Saúde, que consolidou o ideário e os princípios do direito à saúde em seu sentido mais amplo, que inclui condições dignas de trabalho e vida, a percepção de que os processos de produção de saúde e doença são afetados por fatores socioambientais. Ali se consolidou também a proposta do Sistema Único de Saúde conquistado na Constituição brasileira. Não por acaso, aquele foi o ano da realização também da 1ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, na perspectiva de garantir a proteção da saúde no trabalho e o reconhecimento do trabalho digno como um direito e como uma condição constitutiva da saúde.
Em agosto de 2025, a 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora reuniu em Brasília cerca de 2,5 mil pessoas em intensos debates e em manifestações de rua, com o diagnóstico de que as condições de trabalho e vida da população brasileira ainda não são dignas, de que houve enormes retrocessos na proteção ao trabalho nos últimos anos. A luta, portanto, continua. É preciso garantir a saúde e o trabalho como direitos humanos. Coroando um processo de conferências municipais, estaduais e livres em todo o país, 1.559 delegados eleitos para a etapa nacional aprovaram 134 diretrizes, 520 propostas e 114 moções voltadas às políticas públicas de saúde, às novas relações de trabalho e às formas de participação social na condução da saúde e da política nacional.
Na reportagem de capa, o subeditor Glauber Tiburtino traz o clima dessa conferência e entrevista uma diversidade de atores. No cerne das reivindicações, a ampliação de direitos para trabalhadores formais e informais, além de redução de jornadas de trabalho sem perda salarial, fortalecimento da vigilância em saúde do trabalhador, diminuição dos acidentes e das doenças relacionadas ao trabalho, revogação de reformas trabalhistas, atenção à saúde mental, fortalecimento da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast) no SUS.
“A luta, portanto, continua. É preciso garantir a saúde e o trabalho como direitos humanos.”
Radis acompanhou dois grupos de atendimento a crianças e adolescentes na atenção primária do município do Rio de Janeiro, um numa Clínica da Família na Rocinha e outro num Centro de Saúde em Manguinhos. A repórter Paula Passos ouviu depoimentos e reflexões tocantes de alguns participantes e seus responsáveis e dos psicólogos encarregados da condução dos encontros.
Os grupos foram idealizados para acolher de imediato as crianças e adolescentes nas unidades básicas de saúde, enquanto aguardavam a vez no encaminhamento para atendimentos psicológicos individuais, o que poderia levar meses. Os atendimentos coletivos nessas unidades de saúde trouxeram resultados tão bons, na avaliação de familiares e profissionais, que os psicólogos passaram a capacitar profissionais de saúde e estagiários para reproduzir e ampliar a metodologia que utiliza o acolhimento humanizado às famílias e a brincadeira com os participantes como uma possibilidade de acesso às emoções das crianças e adolescentes, de atenuar sintomas, de melhorar as relações familiares e a socialização, de promover saúde.
Outra matéria de promoção da saúde nos mostra os benefícios do ato de cantar coletivamente. Ao acompanhar as apresentações de três coros — Arco-íris por Prazer,
no Rio, Cidadãos Cantantes, em São Paulo, e Serenata d’Favela, no Espírito Santo —, a repórter Lara Souza nos traz um registro apaixonado do que acontece diante do público e da dinâmica interna dos grupos cantantes.
Ouviu relatos da alegria e das transformações pessoais de integrantes dos coros, tanto dos que já chegaram cantando “muito bem” quanto daqueles que vieram cantar para “bem viver”. A matéria destaca o repertório engajado e a grande diversidade de participantes nos coletivos, traz a reflexão de coordenadores, regentes e musicistas. Numa síntese, nos revela que o canto coral estimula memória e atenção, tem o potencial de retardar o declínio cognitivo, fortalece empatia e cooperação, reduz estresse e ansiedade, proporciona um sentimento de realização, melhora a postura corporal e a coordenação motora e combate o isolamento social.
Às vésperas da realização da COP 30, em Belém, uma pesquisa multicêntrica sobre mudanças climáticas vem coletando amostras de patógenos em morcegos na tríplice fronteira do Brasil com Peru e Colômbia, na nossa fronteira com a Guiana Francesa e na região entre Quênia e Tanzânia, na África Oriental. Na seção Pós-Tudo, artigo do presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) convoca a comunidade científica da saúde a valorizar a dimensão ambiental na formação profissional em saúde e a pesquisar, produzir conhecimento e publicar mais, de modo a possibilitar o enfrentamento da magnitude da crise climática.

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