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Em 2020 o mundo ficou no centro de um furacão, com as pessoas dentro dele, incrédulas, paralisadas na expectativa de que aquele mau momento logo passasse. Mas ele não passou e trouxe espanto, tristeza, perdas, angústia e mortes. Assim o mundo chegou em 2022, com a pandemia em alta. Mas agora há a vacina, graças à ciência que se reinventou para salvar vidas, enfrentando com inteligência e sabedoria o furacão chamado covid-19, que deixa um rastro de milhões de mortos e ainda persiste com suas variantes.

No Brasil com quase 650 mil mortes, milhares de brasileiros aprenderam a duras penas que o ar é um bem inestimável, e é exatamente este bem que o vírus mais se empenhou em tirar, ajudado pela incompetência, indiferença e negacionismo de quem despreza a vida e é incapaz de ter empatia com a dor alheia.

O Réveillon passou, e o mundo já respirava aliviado com a diminuição das transmissões e a esperança de que finalmente o vírus seria abatido até o aparecimento da ômicron, com uma capacidade de transmissão quatro vezes maior que a cepa original. Para trazer um balanço da pandemia até aqui, Radis entrevistou, nesta edição, o pesquisador da Fiocruz Julio Croda, que discorreu sobre a importância da ampliação da cobertura vacinal, no Brasil e nos países mais pobres, das doses de reforço, o cenário da pandemia para os próximos meses e a vacinação de crianças que enfrenta uma série de obstáculos que atrasam sua implementação. Vale à pena a leitura!

A pandemia agravou o cenário de desigualdades estruturais em que o Brasil já vinha mergulhando, com altas taxas de desemprego, informalidade e extinção de políticas públicas de proteção social, fruto da desestruturação política e econômica reinante no país. O resultado é visível pelas ruas, onde famílias inteiras vivem em precárias condições sanitárias, com insegurança alimentar e falta de cuidados.
Na ausência de um Estado protetor, surge a proteção de quem conhece a dor de viver nas ruas. São exemplos de solidariedade e organização que o repórter Adriano De Lavor viu de perto sob o viaduto Alcântara Machado, na Zona Leste da cidade de São Paulo. Por ali vivem e passam pessoas que não são indiferentes ao que acontece ao redor, lutam para manter a unidade de uma pequena comunidade, resistem às injustiças, agem para buscar mudanças que desejam e exercem a empatia.

Em boa hora a Organização Mundial da Saúde voltou atrás na proposição de incluir a “velhice” como doença no Código Internacional de Doenças (CID) a partir de janeiro de 2022. Esta inclusão além de mascarar outras doenças, aumentaria o preconceito para mais de 33 milhões de pessoas acima de 60 anos, só no Brasil. Ganhariam as indústrias farmacêuticas e provavelmente os planos de saúde, conforme matéria nesta edição.

Também nesta edição, o pesquisador e colaborador especial da Radis, Paulo Buss, traça um retrato geopolítico econômico da saúde para 2022. Acordos e reuniões estão previstos, impulsionados pela pandemia que assola todo o mundo. O Brasil que faz parte do Grupo dos 20 países mais ricos (G20) deverá se reunir em novembro sob o tema “Recuperar juntos, recuperar mais forte”. Arquitetura da saúde global, transição energética sustentável e transformação digital são os subtemas programados.

Espera-se que o Brasil tenha uma boa participação e contribua de verdade e não apenas seja lembrado com suas lideranças comendo cachorro quente nas ruas de Bali, onde o evento deverá acontecer.

Na seção Pós-Tudo, Radis abre espaço para o texto de Flavia Neves — mulher autista, escritora, educadora e empreendedora, como ela mesma se define — falar do eletrochoque ou eletroconvulsoterapia (ECT) em autistas, proposto pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) em nota técnica. Flavia lança luz sobre os efeitos do ECT, da incapacidade do paciente e muitas vezes dos familiares em decidir pelo procedimento em razão da falta de suporte e políticas públicas para este grupo.

Boa leitura!

Justa Helena Franco - Subcoordenadora do Programa Radis
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