Afirmações de que o Holocausto de seis milhões de judeus, na Segunda Guerra Mundial, não aconteceu podem parecer absurdas para a maior parte das pessoas com o mínimo de conhecimento histórico, mas fazem parte de um conjunto de negacionismos científicos e revisionismos históricos que distorcem evidências para sustentar “mentiras em forma de verdade”. Para o historiador e professor da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Napolitano, negacionistas se aproveitam de um ambiente de questionamento das verdades científicas para construir a legitimidade de suas posições. “Trata-se de uma desinformação organizada e voltada para promover ideologias extremistas ou fundamentalismos, quase sempre de extrema direita. O limite legal é quando o negacionismo promove preconceitos, ódios sociais ou práticas que levam à sabotagem de medidas sanitárias como acontece na pandemia”, afirmou em aula inaugural na COC/Fiocruz (19/3).
Segundo ele, a origem da palavra está ligada a correntes ideológicas, sobretudo de extrema-direita, que negam o Holocausto Judeu na Segunda Guerra Mundial. Se a dúvida faz parte do pensamento científico, o objetivo da anticiência não é ampliar o debate, mas propagar mentiras, alerta o professor. “Uma das estratégias do negacionismo é entrar no debate não para ampliar o conhecimento, mas para destruir”, constatou — por isso, “ele deve ser enfrentado com coragem”. Abaixo, alguns exemplos conhecidos na história e na ciência.
1) Holocausto
São afirmações de que o genocídio de judeus na Segunda Guerra não teria acontecido. De inspiração neofascista, põe em dúvida que o governo nazista de Adolf Hitler colocou em prática a perseguição deliberada aos judeus com a finalidade de extermínio.
2) “A Terra é plana”
Com vários canais no YouTube, supostos “debatedores” da ciência utilizam teorias pseudocientíficas para negar a evidência de que a Terra é redonda.
3) Ditadura militar
Cada vez mais frequente, o revisionismo histórico da ditadura militar — iniciada com o golpe de 1964 — considera que a intervenção dos militares foi uma medida para evitar o “avanço do comunismo” no país. São ações que “celebram” a ditadura e buscam interditar e suprimir as memórias de torturas e crimes cometidos pelos militares.
4) Aquecimento global
Os negacionistas do clima não acreditam que a ação humana tenha interferência nas mudanças climáticas. Por trás desse argumento, está o interesse no desmonte de políticas ambientais de conservação (veja na página 21).
5) Escravidão
É um revisionismo que busca minimizar a desumanidade do tráfico, comercialização e exploração da mão de obra escravizada no Brasil.
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