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  1. Pré-Natal

Cuidados ao nascer

Atendimento precoce e especializado pode ser decisivo para gestantes e bebês com malformação, indica diretriz clínica elaborada pela Fiocruz

Maria aguarda o nascimento de Beatriz, sua primeira filha. Porém, durante uma consulta de pré-natal, ela recebe a notícia de que a gravidez é de risco devido a uma má-formação congênita. Imediatamente, a espera se transforma em angústia: o que fazer? Pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), da Fiocruz, reforçam que o encaminhamento precoce no pré-natal é determinante para garantir a qualidade de vida da gestante, do bebê e de toda a família em casos como esse. Para ampliar a atenção ao recém-nascido, eles elaboraram — junto a pesquisadores de outras universidades — uma linha de cuidado para malformações no período neonatal que indica qual o caminho que a gestante com bebê em risco deve trilhar no sistema de saúde.

Maria é uma personagem fictícia, mas situações como essa são reais: desde 1999, as malformações congênitas aparecem como a segunda principal causa de morte em menores de um ano de idade. Dados do Boletim Epidemiológico, publicado pelo Ministério da Saúde em fevereiro, indicam que a cada ano cerca de 24 mil recém-nascidos são registrados com algum tipo de anomalia. O órgão reconhece que este número está  subestimado e sinaliza que diversas anomalias têm tratamento existente ou medidas de intervenção efetivas.

Dirigida a profissionais de saúde, gestores e usuários do sistema, a pesquisa desenvolvida na Fiocruz pretende contribuir para o planejamento adequado do nascimento e a continuidade da assistência em recém-nascidos com malformações congênitas cirúrgicas e colaborar na programação de um atendimento ideal para as gestantes. Coordenada pelos médicos José Roberto de Moraes Ramos, do IFF/Fiocruz, e Arnaldo Costa Bueno, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a pesquisa está inserida no Programa de Políticas Públicas e Modelos de Gestão e Atenção à Saúde (PMA) da Vice-Presidência de Pesquisas e Coleções Biológicas, da Fiocruz.

A ideia é disseminar o protocolo para que bebês com patologias cirúrgicas graves e passíveis de correção tenham a chance de nascer em locais adequados e que garantam a melhor assistência desde o pré-natal até o acompanhamento após sua alta em ambulatório especializado. José Roberto observa que a identificação precoce do risco no pré-natal e a inserção em uma linha de cuidado adequada tem impacto direto na redução da mortalidade e também na morbidade desses pacientes. “É preciso entender que o bebê com malformação não pode ser acompanhado em uma unidade de atenção primária ou em um lugar distante de uma linha de cuidado adequada. Por sua condição, esse bebê não pode nascer em qualquer lugar”, assegura. 

Cuidado continuado

Segundo José Roberto, o documento proposto sobre diretrizes clínicas foi embasado nas melhores evidências científicas e permite o planejamento adequado para o nascimento e a continuidade da assistência dos recém-nascidos, envolvendo o encaminhamento da gestante para um serviço de referência, o planejamento do parto, a realização do procedimento cirúrgico, o atendimento médico especializado e o acompanhamento ambulatorial. Os pesquisadores trabalharam durante cinco anos e escolheram três grupos de malformações congênitas cirúrgicas que têm importante repercussão clínica e epidemiológica e que podem ser corrigidos ainda na fase intrauterina: a gastrosquise (abertura no abdome do feto), a hérnia diafragmática (que ocorre pelo fechamento incompleto do diafragma) e as malformações do sistema nervoso central (que provocam hidrocefalia e mielomeningocele, entre outras questões). Para o pediatra, o protocolo estabelecido pode salvar vidas. “A gestante tem que ser identificada precocemente e acompanhada durante toda a gestação”, observa.

José Roberto reforça que a detecção precoce é fundamental para que as equipes de saúde programem as intervenções necessárias, o que contribui também com a melhora na sobrevida desses bebês. “Nascer num hospital adequado é um fator de proteção. Muitas dessas mortes são evitáveis”, ressalta. Por isso, ele destaca que as diretrizes clínicas e parâmetros para o planejamento dessa linha de cuidado favorecem sua otimização. “Há necessidade de reestruturar o sistema de saúde para qualificar o atendimento, reduzir a morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida desse grupo”, observa. 

Além disso, o médico chama a atenção dos gestores de saúde pública para incorporar o conceito das linhas de cuidado e melhorar a organização e o fluxo da Rede de Atenção à Saúde. “A adoção de protocolos adequados podem contribuir para maior disponibilidade de vagas neonatal e pediátrica, reduzir o tempo de internação desses bebês disponibilizando mais leitos neonatais e ainda reduzir os gastos públicos e familiares com saúde”, observa.

Caminhos no SUS

Para ampliar a disseminação da nova linha de cuidado, os pesquisadores produziram um vídeo animação que, de forma didática, mostra a necessidade de as equipes de saúde terem um olhar mais centrado e individualizado na gestante e em sua família. Nele, as personagens Paula e Maria iniciam seu pré-natal no SUS, mas na ultrassonografia realizada com 12 semanas de gestação, Maria descobre que seu bebê tem risco de nascer com malformação congênita, uma anomalia estrutural ou funcional, e que deverá ser confirmada com a ultrassonografia morfológica realizada por volta da 22ª semana. A partir desse diagnóstico, e de acordo com os resultados da pesquisa “Linha de cuidado para malformações cirúrgicas no período neonatal”, Paula e Maria devem seguir caminhos diferentes no SUS. No vídeo, enquanto Paula, que teve a primeira ultrassonografia dentro do padrão esperado, vai continuar seu pré-natal na Unidade Básica de Saúde, Maria deve ser encaminhada para um hospital de referência, onde há mais recursos para fornecer atenção adequada no pré-natal, no parto e depois que seu beber nascer. A ideia é que o vídeo sensibilize gestores e profissionais de saúde e oriente ao ser exibido em salas de espera de unidades de saúde. Assista em: https://youtu.be/QHNfLLN9VGU.


Saiba mais

Filme para Link webTv https://drive.google.com/file/d/1XfK3bUcjBChLVhdzh3Dp5ryzeIpxmBu5/view

Animação
https://youtu.be/QHNfLLN9VGU

Teaser
https://youtu.be/OG6JHKf-ZN0


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