A

Menu

A

Participe da Pesquisa Radis 2025

O que parece uma brincadeira de criança esconde um fundo de discriminação. Um vídeo viralizado nas redes sociais mostra adolescentes abaixando a calça de um estudante de 15 anos durante o intervalo em uma escola municipal em São Caetano, no ABC Paulista. O caso ocorreu em 2022 com o jovem que tem deficiência intelectual e, por isso, tornou-se alvo de bullying. Os agressores foram repreendidos ali mesmo, no pátio da escola, mas ainda assim o vídeo foi divulgado, repercutindo o ato.

A escola do adolescente de São Caetano não alertou os pais sobre o caso, a mãe só descobriu o que ocorreu quando recebeu o vídeo em um aplicativo de mensagens e reconheceu seu filho. Foi registrado boletim de ocorrência. A escola também foi procurada pela mãe e alegou estar ciente da situação e que estava tomando as medidas cabíveis.

Bullying é uma palavra com origem na língua inglesa, sem tradução no português, mas adotada pelos brasileiros para nomear atos que ocorrem no ambiente escolar quando alunos passam a agredir fisicamente, perseguir, humilhar, intimidar, apelidar de forma pejorativa, excluir, discriminar ou, como no caso apresentado, ridicularizar outro aluno.

O ato de achar engraçado a ridicularização de um colega não é um caso isolado, ainda mais quando se trata de pessoas com deficiência (PcD). Também em 2022, um menino que tem transtorno do espectro autista (TEA) de 10 anos tentou tirar a própria vida por conta de bullying sofrido na escola. Segundo relatos de pessoas que o atenderam na unidade de saúde, ele dizia: “Eu quero morrer, não aguento mais, não aguento mais a escola, ninguém gosta de mim, ninguém me ama”.

A tentativa de suicídio ocorreu quando a criança chegou da escola na cidade de Serra, na região metropolitana de Vitória (ES). Ele ingeriu uma dose excessiva do medicamento de que fazia uso e, em seguida, disse para a mãe: “Agora você pode descansar e eu também”, segundo relato dela para a CNN. 

Radis procurou profissionais da educação e pessoas com deficiência para falar sobre situações de violência que ocorrem no ambiente escolar e quais caminhos precisam ser percorridos para acabar com essas ações.

A exclusão de crianças com deficiência pode impulsionar problemas de saúde mental. — Ilustração: Letícia Gomes.

Inclusão não existe sem acolhimento

A violência em ambiente escolar atinge duas vezes mais as pessoas com deficiência, estudo Global estimates of violence against children with disabilities [Estimativas globais de violência contra crianças com deficiência], publicado no periódico científico The Lancet Child & Adolescent Health. O trabalho revisou pesquisas realizadas entre 1990 e 2020, envolvendo mais de 16 milhões de indivíduos de 25 países, incluindo o Brasil. Os resultados mostraram que jovens e crianças com transtornos mentais e deficiências cognitivas ou de aprendizagem, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e autismo, por exemplo, são especialmente mais propensos a sofrer violência.

O mesmo estudo indica que 291 milhões de crianças e adolescentes tenham epilepsia, deficiência intelectual, deficiência visual ou perda auditiva — representando cerca de 11% da população total de crianças e adolescentes em todo o mundo, além dos casos associados a outras deficiências físicas e mentais.

Essa é quase a mesma porcentagem indicada pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que declarou, em 2021, que “nós não queremos o inclusivismo”, representando o pensamento de muitas pessoas que reproduzem o preconceito contra pessoas com deficiência. Em entrevista à TV Brasil, o ex-ministro de Jair Bolsonaro disse que as crianças com deficiência “atrapalham” as outras na classe e que 12% delas “têm um grau de deficiência que é impossível a convivência”.

A fala ocorreu após a publicação de polêmico decreto presidencial que instituiu a Política Nacional de Educação Especial, permitindo às escolas fazerem a separação de estudantes PcD em classes “especiais”. A publicação, no entanto, foi suspensa por medida do Supremo Tribunal Federal (STF), após mobilização da sociedade civil pelos direitos das pessoas com deficiência. O principal argumento era de que a segregação prejudicaria a socialização desse grupo e reforçaria o capacitismo [Veja glossário abaixo].

A inclusão de crianças e adolescentes com deficiência nas escolas é amparada pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) — Lei nº 13.146/2015, que conta com um capítulo sobre o direito da pessoa com deficiência à educação, obriga as escolas a não cobrarem por recursos de acessibilidade e proíbe a negativa de matrícula ou o seu encerramento em razão da deficiência.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece, nos artigos 16, 17 e 18, o direito à liberdade e ao respeito. O documento indica que é dever da escola zelar pela integridade física, psíquica e moral e a prevenção da imagem da criança e do adolescente, incluindo PcD. É obrigação da escola, ainda, garantir que os estudantes não sejam expostos a qualquer tratamento violento ou constrangedor.

Violência silenciosa

Além do aluno PcD ter o dobro de chance de sofrer violência no ambiente escolar, a falta de uma rede de apoio contribui para que ele se torne um alvo, segundo Lindisay Martins, psicóloga e pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e em Neuropsicologia. “A pessoa já tem o estigma da deficiência, a gente já sabe que ela tem uma questão de baixa autoestima muitas vezes, e ela chega na escola e fica quietinha, isolada. Ela já tem a propensão pela deficiência, mas aumenta as chances pelo isolamento”, aponta.

Um dos principais indicativos de que uma criança com deficiência está sofrendo bullying na escola é o isolamento, afirma a psicóloga. “O aluno que sofre algum tipo de violência costuma se isolar e isso pode progredir para ansiedade ou começam a manifestar algum sintoma físico, como alergias, agitação, síndrome do pânico, crise nervosa, autolesão”, destaca.

Patrícia de Melo, advogada. — Foto: acervo pessoal.

Foi o que aconteceu com Patrícia de Melo, 28 anos, advogada e estudante de medicina, que sempre foi considerada uma garota “esquisita”, “estranha” e que era muito calada e quieta. O isolamento na escola foi inevitável, já que era excluída pelos colegas. Depois de adulta, Patrícia recebeu o diagnóstico tardio de TEA.

A escola, em São Luís do Maranhão, chegou a alertar a família sobre o isolamento. “A diretora disse para minha mãe que eu era muito calada, muito quietinha e que seria interessante avaliar isso, fazer acompanhamento psicológico. Só que a minha mãe, quando soube, achou que eu estava sendo elogiada, falando que eu era uma boa aluna”, desabafa Patrícia. A mãe considerou que se ela tinha boas notas e não dava trabalho aos professores, era algo positivo, mas não era esse o intuito. “Estavam falando uma questão comportamental que afetava as minhas relações interpessoais na escola”, completa.

Patrícia lembra que, na época do ensino fundamental, tinha muitas crises de ansiedade e meltdown [crise explosiva em que a pessoa pode ter comportamentos extremos, como gritos, choro, acesso de raiva, agressividade e outros]. Foi nessa mesma época que começou a realizar autolesão, machucando o braço. “Já teve vezes que eu estava com o braço machucado e vi gente sorrindo. Teve uma menina que apontou para o meu braço, começou a rir e falou assim: ‘você é louca, ninguém deveria andar com você’”, recorda.

A advogada estudava em uma escola católica e, mesmo aos 11 anos, já se reconhecia como lésbica, além disso possuía estereotipias do TEA e tinha os braços machucados por autolesões. Tudo isso contribuía para que os colegas de classe a estranhassem. “Teve um dia específico que uma menina começou a rir de mim com outro grupo de amigas. Elas estavam todas juntas apontando para mim e rindo porque eu não sabia jogar [vôlei] e eu era ‘esquisita’”, relata. “Lembro que fiquei tão nervosa que me urinei todinha e aí começaram a rir mais ainda”.

Patrícia não denunciava o bullying que sofria, pois não conseguia entender como violência, mas como consequência de também se ver como “estranha” e “inadequada”. “Eu era muito passiva e tinha um pouco de dificuldade de entender que isso poderia me prejudicar. Então acabava não fazendo nada”, explica.

Muitas vezes, principalmente com as PcD, a violência é silenciosa. A psicóloga Lindisay Martins relata que muitos casos assim chegam nos consultórios de psicoterapia: “Os pais trazem os filhos com depressão, com sintomas de isolamento, se machucando e é onde a gente percebe que o adolescente ou a criança está com problemas [na escola], ainda que não traga isso abertamente”, afirma.

Qualquer pessoa pode sofrer com o capacitismo

Em João Pessoa (PB), Cristiane Miranda, 37 anos, técnica de enfermagem, tem uma rotina corrida e complicada por ser mãe atípica. H., seu filho de 5 anos, é autista e isso mudou completamente a vida da família toda. “Depois que descobri o autismo [do meu filho], para mim tudo mudou. Muitas pessoas da família da parte do pai fazem festa e não chamam a gente. A gente nota a diferença”, desabafa.

Ter uma criança com TEA em casa também alterou a vida dos irmãos mais velhos, M. B., 12, e E., 17. A mãe conta que a filha pratica Jiu-jitsu, mas acaba sendo afetada pela rotina familiar. “Vários campeonatos que ela quer entrar eu não coloco, porque não tenho com quem eu deixar H.”, explica.

Contudo, o que mais afetou a família foi um episódio de bullying que M. B. sofreu na escola por ter um irmão com TEA. Durante o intervalo das aulas, esbarrou em outro colega acidentalmente. O menino, por sua vez, gritou: “‘Tá cega?’. Aí ela [respondeu]: ‘Não, por quê? Desculpa’. Ele falou: ‘Só pode ser cega mesmo, porque quem tem irmão autista é assim mesmo, termina ficando autista também’”, conta Cristiane.

Segundo relato da menina, as crianças próximas começaram a rir e ridicularizá-la. O irmão mais velho que estuda na mesma escola se envolveu também quando viu a situação que quase terminou em agressão física.

A escola não contactou os pais dos envolvidos, nem sequer trabalhou a questão da violência. “Quando eles chegaram em casa, fiquei sabendo por eles, porque nem a escola me procurou para falar sobre isso”, reclama a mãe, que descobriu que já tinham outras denúncias de alunos contra a mesma criança. Ela chegou a procurar o pai do menino que praticou o bullying e teve uma boa receptividade por parte dele.

Em teoria, a situação da violência estaria resolvida uma vez que, a partir do momento em que os pais foram envolvidos, não houve mais episódios de ridicularização na escola. Contudo, Cristiane percebeu que sua filha ficou acuada nas semanas seguintes, mais quieta e calada. A mãe diz que o que a ajudou foi o esporte, além do diálogo em casa. Ela fala para M. B.: “Você vai encontrar gente que vai gostar do seu irmão e gente que não vai gostar. Por isso, vai ter que saber lidar com essas duas situações, porque essa é a sociedade que a gente vive”.

Espectadores compactuam

“Só existe a piada se tiver alguém para rir”, afirma a psicóloga Lindsay Martins. O episódio que aconteceu entre a filha de Cristiane e um colega na escola expõe um terceiro elemento do bullying: os espectadores — aqueles que riem de quem está sendo ridicularizado.

Bethânia Lorençon, pedagoga e química, é diretora de uma escola particular de Vitória (ES) e tenta evitar situações de bullying dentro da unidade em que atua a partir de intenso acompanhamento dos alunos. Ela afirma que a situação de violência não é um ato isolado e que é preciso trabalhar com as três pontas: o alvo (vítima); o autor (quem pratica); e o espectador (quem está de fora). “Quando acontece uma violência no ambiente escolar, a gente não deveria trabalhar só com o alvo ou o autor, mas com todos”, afirma.

A educadora indica que quem assiste a uma violência e não intervém, está participando e, até, impulsionando esses atos. Ela defende que é função da escola trabalhar as diferenças com diálogo e respeito.

Contudo, a realidade de escolas públicas e particulares expõe como a desigualdade social influencia no combate ao bullying. Por atuar há 28 anos na educação tanto pública como privada, Bethânia avalia que o principal desafio da rede pública é a grande quantidade de alunos para poucos profissionais e que, dessa forma, não é possível identificar as diversas violências que podem ocorrer. 

Ela cita a sobrecarga de professores que têm 10 turmas com 40 alunos, no ensino médio, e como isso afeta o olhar sobre as particularidades. Por isso, a educadora avalia que os espectadores são essenciais, também, para a denúncia nesses casos, já que a vítima pode não conseguir fazer isso. “Quem sofre bullying começa a duvidar de si mesmo. Acredita que o que o colega está falando é verdade e a sua autoimagem é destruída”, completa.

A avaliação da pedagoga combina muito com a da advogada Patrícia de Melo sobre o bullying que sofreu. Diferente da primeira graduação, na qual não tinha ainda seu diagnóstico de TEA, na segunda faculdade que está cursando, ela percebe o quanto o núcleo de acessibilidade da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) tem ajudado. Ocorreram conversas com colegas, professores e direção do curso sobre autismo, o que tem auxiliado na sua experiência.

Ainda que reconhecendo os avanços, Patrícia cita Poliana Gatinho, uma mãe atípica ativista dos direitos PcD, que tem uma intensa cobrança à gestão municipal para garantir estrutura e direitos para o seu filho na rede pública. E, também, o caso que ocorreu em 2023 da negativa de uma matrícula de criança autista por colégio privado em São Luís. “Ainda tem muita coisa para ajustar”, avalia. 

Quem assiste a uma violência e não intervém está participando e impulsionando esses atos. — Ilustração: Letícia Gomes.


Atenção, pais!

Características de crianças que podem estar sofrendo bullying:

  • Rendimento escolar baixo
  • Irritação ou agressividade
  • Não gosta de ir para a escola
  • Muito quieta ou isolada
  • Falta de diálogo com os pais sobre os colegas
  • Alteração no sono
  • Mudança de rotina
  • Ansiedade ou comportamento depressivo
  • Sintomas físicos como irritação na pele

Fonte: Psicóloga Lindisay Martins


Bullying não é brincadeira, é crime!

O caso que ocorreu com os filhos de Cristiane demonstra a importância da família na intervenção em situações de violência no ambiente escolar, mas nem sempre os familiares estão abertos para essa temática. A psicóloga Lindisay Martins ressalta que a tratativa com os pais é o maior empecilho, pois muitos não aceitam. É comum ouvir frases como “na minha época não existia isso de bullying”, conta.

Há alguns anos, apenas não era tão ampla a discussão e não existiam as ferramentas que se têm atualmente, afirma a psicóloga. “O que as pessoas chamavam antigamente de ‘retardo mental’ tem um espectro muito grande. Essas pessoas ficavam escondidas debaixo de um véu preconceituoso, estigmatizado e eram vistas como párias na sociedade”, completa.

Lindisay trabalha como terapeuta em escolas estaduais de São Paulo, como parte do projeto de psicoeducação em saúde mental do Instituto de Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil (PENSI) da Fundação José Luiz Egydio Setúbal. São realizados grupos de conversa entre alunos sobre temáticas que os ajudam a desenvolver ferramentas emocionais para lidar com situações de saúde mental, entre elas o bullying.

“O conceito que eles têm de bullying é algo meio simplório”, relata Lindisay. “É muito mais uma agressão física”, acrescenta, ressaltando um dos principais problemas deste termo, que muitos associam apenas a bater e empurrar, entre outras ações de contato físico direto. Ou então, “é só uma brincadeira que na minha família é tolerada”, define a psicóloga. Ela acredita que trabalhar com essas crianças que aprendem dentro de casa que brincadeiras violentas são “comuns” é quebrar um ciclo de agressões.

Muitas crianças só percebem que já praticaram bullying quando se amplia a visão para as múltiplas violências, pois a sociedade tem uma cultura de banalização. É o caso de crianças que têm que suportar e conviver com apelidos pejorativos que os outros acham que é brincadeira.

Lindisay pondera que a humilhação é a principal característica do bullying, seja como exposição ou forma de deixar o outro desconfortável. Por esse motivo, o trabalho de prevenção tem sido desenvolver a empatia com os estudantes e o entendimento de que cada pessoa é única e diferente das outras. “Tem sido bastante desafiador desenvolver práticas de inclusão”, relata sobre a tratativa com os estudantes sobre o capacitismo. A terapeuta trabalha pautas com os alunos para que possam “entender as particularidades e necessidades do colega que tem deficiência”, afirma. 

O projeto de que Lindisay faz parte é uma das muitas iniciativas que acontecem pelo país para trabalhar a saúde mental dos estudantes, com o crescimento expressivo de necessidades nessa área após a pandemia de covid-19. Recentemente, existem, inclusive, professores ou monitores preparados para manejar um aluno em crise de ansiedade — que se tornaram mais frequentes. Em 2022, 26 alunos de uma escola do ensino médio em Recife (PE) tiveram um surto coletivo de ansiedade e precisaram de atendimento de profissionais de saúde. O caso ocorreu com o retorno das aulas presenciais, após as restrições da pandemia.

Em São Paulo, por exemplo, um levantamento realizado pela Secretaria de Educação do Estado e o Instituto Ayrton Senna apontou que 70% das crianças e adolescentes apresentaram sintomas de depressão e ansiedade — o que mostra a necessidade de discutir a pauta da saúde mental nas escolas.

Glossário

Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida.

Adaptação: modificações necessárias para que pessoas com deficiência possam exercer os seus direitos humanos e liberdades fundamentais.

Capacitismo: ato de discriminação, preconceito ou opressão contra pessoa com deficiência.

Diversidade: multiplicidade de características que distinguem as pessoas. 

Inclusão: processo de inserção na sociedade de cidadãos que dela foram excluídos, no sentido de terem sido privados do acesso a seus direitos fundamentais.

Pessoa com deficiência (PcD): terminologia correta e que se tornou consenso para se referir a pessoas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.

Fonte: Glossário de Acessibilidade da Câmara dos Deputados

Veja também


Sem comentários
Comentários para: Bullying é diversão para quem?

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Anexar imagens - Apenas PNG, JPG, JPEG e GIF são suportados.

Leia também

Próximo

Radis Digital

Leia, curta, favorite e compartilhe as matérias de Radis de onde você estiver
Cadastre-se

Revista Impressa

Área de novos cadastros e acesso aos assinantes da Revista Radis Impressa
Assine grátis