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Há muita história a ser contada sobre o Programa Radis. Falar dos que, como Arlindo Gómez de Sousa, no Departamento de Ciências Sociais da Escola Nacional de Saúde Pública, presenciaram o seu nascimento, antes mesmo do lançamento das três primeiras publicações em julho de 1982. Falar dos que, como Sergio Arouca, direcionaram as revistas Súmula, Tema e Dados e o crucial jornal Proposta — o Jornal da Reforma Sanitária para repercutirem a 8ª Conferência Nacional de Saúde país afora, influenciarem o Capítulo da Seguridade Social na Assembleia Nacional Constituinte de 1988 e atuarem para a aprovação da Lei Orgânica da Saúde, assegurando a participação e o controle social no Sistema Único de Saúde (SUS). Falar com a devida reverência do mentor do então Projeto Reunião Análise e Difusão de Informação sobre Saúde, Sergio Goes, que certa vez revelou que, entre outros motivos, o que o levou a criar o Radis foi a vontade de “mudar o mundo”, uma síntese que não poderia ser mais honrosa e permanente para um jornalismo crítico, que sempre confrontou as injustiças e as desigualdades desse mundo.

Será interessante recuperar, no devido tempo, as histórias vividas pelas várias equipes profissionais que passaram pelo Programa Radis. Foram jornalistas, sanitaristas, sociólogos, economistas, designers, coordenadores e gestores de diversas formações e jovens estagiários que construíram e cuidaram do Radis por quatro décadas, institucionalizando essa ideia generosa como uma comunicação pública a partir do encontro entre o Estado e a sociedade e engajada na defesa da saúde coletiva, da democracia, dos direitos e do SUS.

“Em meus 35 anos de Radis vivi um pouco de tudo, das reportagens pioneiras e bastidores da construção do SUS aos embates para assegurar o reconhecimento ao trabalho de meus companheiros e a sobrevivência e a consolidação do Programa. Aprendi muito com cada geração de profissionais com quem trabalhei.”

Rogério Lannes Rocha

Nos últimos três anos, algumas pessoas essenciais nessa jornada nos deixaram. Em fevereiro de 2021, perdemos nosso primeiro coordenador, Sergio Goes, e, em junho deste ano, nossa primeira editora mulher, Marinilda Carvalho, duas figuras diferentes em formação profissional e personalidade e tão semelhantes na capacidade de sonhar e executar sonhos. Perdemos também dois sanitaristas que foram grandes incentivadores do Radis e cujas vozes enriqueceram as páginas de nossas publicações. Em novembro de 2020, partiu Hesio Cordeiro; em junho de 2021, Antônio Ivo de Carvalho. Ao relembrar essas pessoas queridas, queremos agradecer e homenagear a todos os profissionais que passaram pela redação, administração, documentação e coordenação do Programa e a todos aqueles que nos incentivaram e apoiaram ao longo dessas quatro décadas, sem os quais não haveria o Radis de hoje.

Quantas reportagens, quanto empenho estruturante, quantas superações, quanto futuro almejado. Esperamos que uma parte dessa história emerja do conjunto de matérias e atividades planejadas para este ano de comemorações. O objetivo dessa matéria, porém, tem um sentido mais estrito. Trata-se de compartilhar com os leitores um pouco da humanidade, da vivência e dos sentimentos que a equipe atual possa exprimir para mostrar um pouco da vida por trás das reportagens que se vê nas páginas e telas da Revista Radis.

Em meus 35 anos de Radis vivi um pouco de tudo, das reportagens pioneiras e bastidores da construção do SUS aos embates para assegurar o reconhecimento ao trabalho de meus companheiros e a sobrevivência e a consolidação do Programa. Aprendi muito com cada geração de profissionais com quem trabalhei.

Para compartilhar o espaço dessa matéria com os colegas atuais, escolhi mencionar a experiência gratificante de ter me colocado ao lado dessa geração de jornalistas em um lugar que, no fundo, o repórter da caneta e bloco de notas sempre teve vontade de experimentar um dia, o do repórter-fotográfico. A rápida passagem pelo fotojornalismo resultou em exposições e prêmios. Mas o prazer maior foi o processo de me colocar diante de uma cena sem discrição, subir em mesa e torre de caixa d’água, debruçar na linha d’água em lancha voadora, ficar atento à incidência da luz, observar movimentos e ouvir atentamente cada fala na busca por expressar o cotidiano das pessoas, a luta coletiva e os Brasis que se descortinavam diante de nós em longas reportagens, viver o desafio de contar histórias sem o recurso da palavra.

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