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Solitária (Companhia das Letras), o elogiado romance de Eliana Alves Cruz,
põe o dedo em uma ferida histórica ao narrar o cotidiano de duas mulheres
negras, mãe e filha, que moram em um quartinho — desses cubículos conhecidos como dependência de empregada — no apartamento luxuoso dos patrões.
Há um crime como pano de fundo. Mas em suas 168 páginas, a narrativa atira
o leitor em todas as questões que envolvem o imaginário do trabalho doméstico
no Brasil, sem esquecer um cenário contemporâneo ao tocar em questões
relacionadas à pandemia e ao debate sobre movimentos identitários e ações
afirmativas. “Mãe, a senhora precisa se libertar dessas pessoas. A senhora não
deve nada pra elas. Não tenha medo de encarar esse povo que nunca limpou a
própria privada”, diz a personagem Mabel, a certa altura. Em entrevista (2/5) à
Folha de S.Paulo, a escritora resumiu: “É sobre vidas da escravidão, uma relação
com o trabalho baseada no colonialismo e na mentalidade escravocrata. Só
muda a roupagem”. Bastante oportuno para um momento em que a imprensa
nacional vem noticiando, com uma frequência alarmante, casos de mulheres
resgatadas de trabalhos análogos à escravidão.

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