O trabalho a partir da Idade Média é reconhecido como uma atividade importante na história da humanidade, tornando-se fundamental na estruturação da identidade do indivíduo, trazendo compensação financeira, sentimento de prazer, realização pessoal ligada à demonstração de competências e de integração numa sociedade.
Na contemporaneidade, os impactos provocados pelas mudanças nas demandas do processo produtivo alteraram o perfil do trabalho e do trabalhador que cada vez mais necessita de qualificação para atender o desenvolvimento de atividades múltiplas, cada vez mais complexas diante das inovações tecnológicas num mundo em constante mudança. Aliado a isto, o aumento do trabalho informal sem garantias trabalhistas e o desemprego cada vez mais geram situações de sofrimento, estresse e medo da perda do emprego. Na outra ponta, o trabalho é visto como capaz de gerar sentimentos de prazer ao superar desafios e sempre fazer o melhor, conquistando melhores salários e com isto a realização pessoal, que quando não alcançados também geram insegurança, sentimento de incapacidade, fracasso e o estresse crônico
Todos esses fatores podem levar a síndrome de burnout, um conjunto de alterações que começam e terminam no estresse, que embora mais facilmente identificado nos ambientes de trabalho também podem se desenvolver no ambiente escolar, acometendo até adolescentes e crianças.
O aumento dos problemas de saúde mental no trabalho recentemente chamou a atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomendou aulas de Yoga nos ambientes de trabalho e treinamento de chefias como forma de diminuir os problemas de saúde mental.
Independente da atividade que se exerça, o completo estado de bem-estar não deve ser negligenciado. Assim como a resiliência, as terapias adequadas devem ser buscadas, quando o sentimento de “não fazer parte do nada” surgir.
Este é o recado que Radis dá a seus leitores ao ouvir relatos de pessoas que desenvolveram a síndrome de burnout.
Radis compartilha nesta edição os depoimentos de três jovens indígenas que, com ações individuais e coletivas, se lançam na defesa da Terra e das pautas dos povos originários. É fundamental a valorização de experiências e resistências da representação dos povos indígenas e grupos subrepresentados que precisam ampliar seu poder e construir novas narrativas a partir de suas próprias visões e suas linguagens, conquistando espaços de decisão e negociação, para fazer frente à dominação colonial excludente.
É animador que jovens com representatividade, independentemente de suas origens, cores, idades e gêneros, estejam buscando romper com um processo histórico que lhes negam seus direitos e o direito de todo um povo.
A primeira Conferência Nacional de Saúde (CNS) aconteceu em 1941, durante a ditadura de Getúlio Vargas, com uma concepção restrita em relação à saúde pública. De lá para cá, foram realizadas mais 15 Conferências, com destaque para a 8a CNS que reafirmou a importância da Reforma Sanitária e colocou o controle social no centro das decisões e a saúde como direito para todos, inspirando o capítulo sobre saúde na Constituição brasileira de 1988.
Agora o país se prepara para realizar a 17ª CNS com ampliação de setores menos representados no evento, o que fortalece o controle social. E o SUS terá sua centralidade, mostrando fracassos e avanços. Certamente os participantes da CNS serão instados a pensar e buscar contribuir para a construção de cenários desejáveis e possíveis para o SUS em um processo político que hoje não está definido.
A imagem de capa da Radis número 127 de abril de 2013 com “um copo meio cheio, meio vazio” provoca reflexão sobre o otimismo e o pessimismo, de como ele é visto e julgado e do quanto é preciso remar contra a história que atualmente compõe o negacionismo.
Mas como bem diz o tema do evento, é preciso “Garantir Direitos e Defender o SUS, a Vida e a Democracia”, pois “Amanhã Será Outro Dia”.
Boa leitura!
Justa Helena Franco, Subcoordenadora do Programa Radis
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