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Esta edição está inserida nas comemorações dos 40 anos do Programa Radis e nos 20 anos da Revista Radis, que é um dos frutos bem sucedidos de uma geração que acreditou numa construção coletiva e plural, tratada como bem público. 

A história é um longo processo de passagem de bastão, por isso a importância de dar crédito para todas as histórias e saberes produzidos e passados. Assim, para que Radis se consolidasse como um programa bem sucedido a serviço da informação e da comunicação pública em saúde hoje, muitos sonharam, discutiram e trabalharam ontem. 

Novos desafios foram assumidos nos últimos 20 anos. Como substituir as revistas Dados, Súmula, Tema e o jornal Proposta, que marcaram a 8ª Conferência Nacional de Saúde e outras ações importantes na redemocratização do Brasil antes e durante 1988, por uma única revista, sem perder a essência que inspirou Sergio Goes, no ideal de “mudar o mundo” com jornalismo crítico para o enfrentamento das desigualdades e injustiças, como bem escreveu Rogerio Lannes, o idealizador da grande mudança? 

O desafio deu certo e Radis saiu de 40 mil assinantes para os atuais 126 mil, cobrindo todos os estados do Brasil e alguns países da America Latina, publicando matérias sobre fatos relevantes, entrevistando pessoas, levantando questões estruturais que podem ser vistas ou descobertas sob outros ângulos, como as redes sociais em que se insere, mas sempre fiel à verdade e à diversidade de opiniões. 

Falar de como uma notícia se transformou num texto, uma lente capturou um momento importante, uma ilustração resumiu um contexto, como se produziu um editorial e os caminhos muitas vezes conturbados por que passa o envio de uma revista, foi o desafio proposto numa reunião de pauta para trazer um pouco da história de construção da Radis e de quem a produziu e ainda produz. 

Poder revisitar lembranças de lugares e pessoas levou o repórter Bruno Domingues a falar de quem se foi e deixou um grande aprendizado para o então recém formado jornalista, a editora daquela época, Marinilda Carvalho, uma ferrenha defensora do SUS, que levou para Radis, nas palavras do coordenador Rogerio Lannes, “uma alma jornalística”, com paixão, vitalidade e sensibilidade.

Dona Maria Grinauria, moradora do Coque em Recife, foi lembrada pela repórter Liseane Morosini, assim como as águas do turvo Rio Negro e a Floresta Amazônica são lembranças do medo e fascínio que provocaram no repórter Adriano De Lavor e despertaram no editor Luiz Felipe Stevanim a sensação de encontrar a África na Amazônia ao visitar o Quilombo Saracura. Em outro pedaço do Brasil, a repórter Ana Cláudia Peres revisitou seu Nordeste “para ver água”, na promessa de transposição do São Francisco para aplacar a seca do Sertão. Água que não chegou às torneiras dos moradores. Parou no setor industrial e no hidronegócio.

Neste ano, Licia Oliveira veio se somar à pequena equipe, e nesta edição fala de sua expectativa em passar de leitora a repórter de Radis

Tocar a engrenagem que permite ao Radis fazer chegar todos os meses aos 126 mil leitores não é simples, exige paciência, dedicação e muita torcida para que tudo funcione dentro do planejado. Felizmente um único servidor, Fábio Lucas, que só agora ganhou a colaboração de uma bolsista, a Ingridi Maia, está fazendo a roda girar. Uma roda que não parou mesmo nestes dois últimos anos de pandemia, quando muitas coisas pararam no país. E por fim, entre os depoimentos desta edição, a importância novamente da ex-editora que faleceu recentemente e influenciou a subcoordenadora para se descobrir uma boa escritora para os editoriais.

Radis se consolidou nestes anos como importante revista de Saúde Pública graças à competência e à paixão de servidores públicos e colaboradores, como o editor de arte Felipe Plauska e o repórter fotográfico Eduardo Oliveira, os recém transferidos Jorge Ricardo e Natalia Calzavara e todos os outros que deixaram suas marcas na construção e crescimento da revista.

Esta edição foi construída a várias mãos, com toda a equipe, sem deixar de tratar de outros temas importantes e urgentes, como o cruel assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, que são referidos no texto produzido pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi) e publicado no Pós-Tudo desta edição.

Estas mortes mobilizaram a atenção do país e da imprensa internacional e escancararam o que acontece na Amazônia Brasileira e, mais especificamente, no Vale do Javari, que sofre com a influência do narcotráfico e a pesca predatória e ilegal. Taxados de “aventureiros” pelo poder público, eles estavam junto aos povos indígenas tentando documentar as invasões e degradações dos territórios por setores ligados ao crime organizado. Pagaram com a vida tamanha ousadia. E o Brasil se consolida na lista dos piores países para os defensores do Meio Ambiente.

Boa leitura!

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