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O relógio de ponto registra o quanto da vida escoa para o trabalho: seis dias na labuta, 44 horas por semana, e apenas um dia para o descanso, o lazer, os cuidados com a saúde, o convívio com a família e a resolução dos problemas cotidianos. Se contar as horas de deslocamento, de ida e volta ao local do emprego, os minutos perdidos no engarrafamento, sobra ainda menos tempo. Por vezes, a folga cai no meio da semana — quando é assim, pais e filhos mal se encontram, pessoas sobrevivem ao dia a dia sem tempo para si mesmas.

O que resta da vida além do trabalho? Essa foi uma questão que mobilizou as redes sociais, no fim de 2024, com a pressão para que parlamentares assinassem a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que propõe acabar com a escala 6×1 e reduzir a jornada de trabalho semanal, regulamentada pela Constituição de 1988. Também gerou mobilização nas ruas, com manifestações em diferentes cidades brasileiras, convocadas pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que resgata uma luta histórica da classe trabalhadora pela redução da jornada.

Radis aborda os impactos da escala 6×1 na saúde, analisa as mudanças no mundo do trabalho, como o crescimento da informalidade e da precarização, e reflete sobre o que esperar do futuro dessa discussão, no ano em que o Brasil se prepara para promover a 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Também ouviu pessoas que vivem ou já viveram esse esquema de emprego, que contam como a 6×1 afeta (ou afetava) suas vidas.

Como a escala 6×1 entrou em debate?

No 15 de novembro, feriado da Proclamação da República, uma trabalhadora anônima segura um cartaz na multidão: “Quero ver meus filhos crescerem”. A frase é um pedido de socorro de quem trabalha seis dias na semana e tem apenas um para o convívio com a família, o estudo ou o descanso. Em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia, ela se junta a outros trabalhadores e trabalhadoras que pedem o fim da escala 6×1, em ato convocado em pelo menos seis capitais brasileiras pelo movimento VAT.

A República foi proclamada há 135 anos, cerca de um ano após a abolição da escravidão, que ocorreu em 1888. Mas o que há em comum entre esses homens e mulheres que cumprem a escala 6×1 e os escravizados que foram libertos no fim do século 19? Para Monica Olivar, assistente social e pesquisadora do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh), da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), há muita coisa.

Protestos pelo fim da escala 6×1 aconteceram em diversas cidades brasileiras, em 15/11/2024: na foto, manifestantes em São Paulo. — Foto: Letycia Bond/Agência Brasil

“Se traçarmos o perfil de grande parte dessa classe trabalhadora, a maioria jovens, são homens e mulheres negros e negras, que muitas vezes têm uma história familiar em que o pai e a mãe também estavam inseridos nesses processos de trabalho considerados de ‘ganho’”, descreve. São pessoas que literalmente vivem para trabalhar, em funções de baixa remuneração e sem perspectiva de futuro. “Essa é uma herança do Estado escravocrata”, completa.

Caixas de supermercado, balconistas de farmácia, atendentes de telemarketing, operadores de logística, vendedoras de loja, camareiras, recepcionistas e garçons são algumas das profissões que cumprem a escala 6×1, em uma jornada de 44 horas semanais, como prevê a Constituição. Ainda que regularizado, esse esquema de trabalho pode trazer impactos para a saúde, afetar a qualidade de vida e o bem-estar familiar e aumentar os acidentes laborais. “O corpo vai sentir em algum momento”, destaca Monica.

Conheça a história de três trabalhadores(as) ouvidos por Radis, que vivem ou já viveram sob a escala 6×1 e entenda como isso afetava a rotina, a saúde física e mental e a relação com a família [Leia clicando aqui]. Sem direito ao lazer e a buscar novas oportunidades de estudo, Ana, Aline e Daniel* (nome fictício) não encontram ânimo para nada no único dia da semana em que não trabalham.

A Constituição Federal de 1988 estabelece que a duração da jornada de trabalho não deve ser superior a oito horas diárias e 44 semanais. Contudo, trabalhadores e trabalhadoras passaram a pedir o fim da escala 6×1, em uma mobilização que ganhou as redes e as ruas, no fim de 2024, impulsionada pelo movimento VAT, fundado no Rio de Janeiro pelo recém-eleito vereador Rick Azevedo (PSOL), ele mesmo um ex-trabalhador nessa escala.

O tema alcançou repercussão nacional por conta de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), ainda sem número, elaborada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). O texto pretende alterar o inciso XIII do artigo 7º da Constituição, ao fixar o limite de carga horária em 36 horas semanais, com jornada de quatro dias na semana. Ou seja, ao invés de seis dias de trabalho e um de folga, ficaria valendo a escala de 4×3.

Manifestação pelo fim da escala 6×1, no centro do Rio: movimento apoia PEC que altera a jornada de trabalho semanal. — Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A mobilização para reunir as 171 assinaturas de parlamentares necessárias para a PEC ser apresentada à Câmara ganhou ampla repercussão na internet, em novembro de 2024, com a pressão popular para que deputados e senadores de diferentes partidos assinassem a proposta. Como o número já foi alcançado, Erika declarou que irá protocolar a PEC na volta do recesso parlamentar, em fevereiro (CNN, 13/1). É apenas o início de um longo trâmite parlamentar, em que deve ser discutido não apenas o fim da 6×1, mas os modelos que serão adotados no lugar, se a escala 4×3 ou a 5×2.

“A gente não tem dúvida de que o fim da escala 6×1 vai acontecer no Brasil, mas não vai ser uma luta fácil”, declara um dos coordenadores do VAT, Wesley Fabio Silva. Ele ressalta que o movimento, que surgiu em 2023 para organizar trabalhadores e trabalhadoras em torno da luta pela redução de jornada, vai convocar mobilizações a fim de pressionar os parlamentares a aprovarem o projeto. “Estamos colocando tudo em cheque, porque queremos o fim da 6×1 urgentemente”.

Jornadas exaustivas: transtornos mentais como burnout e ansiedade foram incluídos na nova lista de doenças relacionadas ao trabalho do Ministério da Saúde. — Crédito: Imagem ilustrativa.

Como a escala 6×1 afeta a saúde?

O corpo fala. O trabalho exaustivo, em pé numa loja de shopping, ou sentada no caixa de um supermercado, até horas por dia, seis dias na semana, é sentido no corpo, na mente e na alma. “Essa jornada tem relação direta com sofrimento psíquico e com adoecimento físico”, afirma Monica, que também é especialista nos temas da precarização do trabalho e da saúde do trabalhador, com doutorado em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Segundo a pesquisadora, o corpo sente, em primeiro lugar, por meio de dores físicas. “A grande parte desses trabalhadores são balconistas de farmácia e de lojas, que ficam a maior parte do tempo em pé”, aponta. Com o passar do tempo, surgem as lesões por esforço repetitivo (LER-Dort), comuns em funções como operadores de telemarketing, ou doenças do aparelho circulatório e transtornos mentais relacionados ao trabalho, como fadiga, irritabilidade, estresse, depressão e burnout.

“Isso tudo é resultado dessa jornada de trabalho extenuante em que o trabalhador só tem direito a um dia para descansar e cuidar da saúde”, resume. Em um esquema 6×1, não sobra tempo para a família, o autocuidado, o lazer e a educação. “O conceito ampliado de saúde, que historicamente foi a luta do movimento da Reforma Sanitária, é ter direito ao lazer, à habitação, à educação, ao trabalho, mas não qualquer trabalho, e sim um trabalho com condições dignas”, reflete.

“Essa jornada tem relação direta com sofrimento psíquico e adoecimento físico”, afirma Monica Olivar, do Cesteh/Ensp/Fiocruz. — Foto: Izabelly Nunes.

O adoecimento mental também é frequentemente associado a jornadas exaustivas. Somente em 2022, mais de 209 mil pessoas foram afastadas de suas atividades por transtornos mentais no país, de acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). E mais: entre 2007 e 2022, foram 17.681 notificações de transtornos mentais relacionados ao trabalho, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). “O trabalhador está esgotado”, constata Monica, ressaltando que transtornos como ansiedade e burnout foram incluídos na nova lista de doenças relacionadas ao trabalho publicada pelo Ministério da Saúde, em 2023.

Outro impacto das jornadas exaustivas na saúde é a maior chance de acidentes de trabalho. Segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab), disponibilizado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), o Brasil registrou 612,9 mil acidentes relacionados à jornada profissional em 2022. “Isso já dá uma pista para entender a situação da classe trabalhadora hoje no Brasil”, diz Monica.

Não é possível precisar quantos desses acidentes estão diretamente relacionados à escala 6×1, porém a pesquisadora do Cesteh/Ensp observa a correlação com jornadas extenuantes. “Quanto mais horas trabalhadas, mais chances de ocorrer acidentes de trabalho, devido ao grau de atenção, esforço e fadiga”, avalia. “Grande parte das pessoas que estudam os acidentes de trabalho dão ênfase à questão dos equipamentos de proteção individual (EPI), mas esquecem que a maioria dos acidentes advém da fadiga, do sono, do cansaço e dessa jornada exaustiva”.

Além de adoecer o corpo e a mente, a escala 6×1 reproduz desigualdades de gênero, raça e classe social, na visão de Monica. “São trabalhadores negros e negras que vêm de uma herança escravocrata do Brasil, um país que tem uma industrialização tardia e jogou grande parte dessa população em trabalhos precários. Trabalha-se para sobreviver”, analisa. Sem tempo para estudar ou buscar novas oportunidades, essas pessoas não encontram outro futuro.

“Na maioria das vezes, esse trabalhador não vai ter tempo para se qualificar e vai ficar nesse sistema capitalista perverso. Não vai sair dessa roda”, constata. Por isso ela destaca o papel do VAT em chamar a atenção para uma rotina laboral que “aprisiona” a vida. “Esses trabalhadores estão nesse ciclo vicioso do mundo do trabalho, que é trabalhar e trabalhar para gerar lucro ao sistema capitalista”.

O deslocamento até o trabalho é outro fator que diminui o tempo livre do trabalhador. Crédito: Imagem ilustrativa.

Existe vida além do trabalho?

De loja em loja, na saída do metrô ou no ponto de ônibus, os integrantes do movimento Vida Além do Trabalho (VAT) conversam com outros trabalhadores e trabalhadoras sobre a luta pelo fim da escala 6×1. Foi assim que o operador de logística Wesley Fabio, de 28 anos, morador de Costa Barros, na Zona Norte do Rio de Janeiro, despertou para a mobilização política. Hoje ele faz parte da coordenação nacional do VAT.

Ao partilharem histórias em comum de jornadas abusivas, esses trabalhadores descobrem que é preciso mudar essa realidade. “Temos muitos relatos de pessoas que não conseguem ter uma vida com seus filhos, com seu companheiro ou sua companheira. É impossível: a pessoa trabalha o dia todo; chega em casa, dorme e acorda no dia seguinte para trabalhar de novo. Isso durante seis dias”, afirma Wesley. 

Segundo ele, a pauta principal do VAT é o fim da escala 6×1 e a redução da jornada de trabalho. “O trabalhador quer também [ter mais] dias em casa, não apenas reduzir a jornada diária”, ressalta. Além da sobrecarga, perde-se muito tempo na ida e na volta ao trabalho, pelas más condições do transporte público nas grandes cidades. “Essas são as pautas do VAT: a saúde psicológica e física do trabalhador, o direito das mães e dos pais de estarem com seus filhos, acompanharem o seu crescimento e poderem educá-los”.

Wesley destaca que reivindicar o fim da 6×1 não se confunde com “não querer trabalhar” — ao contrário, “é trabalhar com dignidade, com respeito à sua saúde, ter equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho, poder se alimentar direito”, explica. “Até para trabalhar, é preciso ter saúde e estar bem consigo mesmo”, comenta.

Para ele, a escala 6×1 é adoecedora. “As pessoas não conseguem se alimentar direito, não conseguem fazer exercícios e ter uma vida de qualidade. Acabam adquirindo diabetes e hipertensão”, relata. “Como vamos falar de trabalho com qualidade, com produtividade, se o trabalhador está doente?”, questiona. 

Wesley rebate as críticas de que a economia vai quebrar se houver uma mudança nessas relações de trabalho, pois não há benefícios em um regime laboral que prejudica a saúde e a qualidade de vida das pessoas. “Eles acham mesmo que o trabalhador está entregando o máximo dele na escala 6×1? O trabalhador está doente, cansado e estressado”, critica.

“O movimento VAT reafirma: é impossível falar de produtividade se o trabalhador não tem uma vida além do trabalho, se não tem qualidade de vida e o seu direito ao descanso respeitado”, pondera. “Queremos tempo para poder estudar, para se alimentar, cuidar da saúde e estar com a família”.

Pessoas negras estão entre aquelas que mais sofrem as consequências da escala 6×1: essa realidade reproduz as desigualdades de raça, gênero e classe social, como aponta a pesquisadora Monica Olivar. — Crédito: Imagem ilustrativa.

Quais os reflexos das mudanças no mundo do trabalho?

“A luta pela redução da jornada de trabalho não começou agora”, lembra Monica Olivar. As primeiras greves e manifestações foram contemporâneas da Primeira Revolução Industrial, na Inglaterra, quando não havia uma jornada fixa e o tempo diário de trabalho excedia as 14 ou 16 horas. “A Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicou uma normatização mundial, colocando o limite de oito horas diárias, em 1919”, explica a pesquisadora.

No Brasil, a jornada de 48 horas semanais foi estabelecida na Constituição de 1934, durante o governo de Getúlio Vargas. Na Constituinte de 1988, houve o debate para reduzir de 48 para 40 horas, mas com um acordo chegou-se a um meio termo, o limite atual de 44. “Isso significa que a classe trabalhadora está há 36 anos nessa jornada de trabalho extenuante, em que se tem somente um dia para o autocuidado, a saúde, a educação e o lazer”, analisa Monica. “Na verdade, tem esse dia em que se está preparando para os seis dias de trabalho”.

As mudanças no mundo do trabalho, que exigem uma legislação atualizada, não trouxeram uma jornada menos exaustiva para os trabalhadores no Brasil, na contramão de países europeus, que experimentam a jornada 4×3 — a chamada semana de quatro dias. “O mundo vem passando por transformações nos processos produtivos, mas a legislação não evoluiu, ao contrário regrediu com a Reforma Trabalhista [em 2017], que flexibilizou ainda mais a jornada”, constata a pesquisadora da Fiocruz. 

“A gente vem passando por transformações no mundo do trabalho, não somente no Brasil, com a indústria 4.0, o trabalho mediado por tecnologia e a uberização”, analisa. Essa realidade amplia o número de pessoas que sequer estão cobertas pela legislação que prevê a escala 6×1 ou por qualquer direito trabalhista. “É o caso dos entregadores por aplicativo que acabam pegando uma jornada 7×0. Nem sonham com uma escala como essa [6×1]. Aliás, sonham, mas para sobreviver entram nesses trabalhos precários”, pontua.

“Segundo a Pnad [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios] de 2022, temos hoje no Brasil 39% da classe trabalhadora na informalidade”, ressalta Monica. “São pessoas que não têm nenhum direito trabalhista e previdenciário. Estão aí nessa jornada 7×0 e não têm direito a afastamento pelo INSS. A maioria não entra na estatística, em termos epidemiológicos, de acidentes de trabalho”, acrescenta.

Em compensação, em outros países, como Portugal, Inglaterra e Alemanha, a jornada 4×3 tem sido testada pelas empresas — e a Bélgica foi o primeiro país a transformar a semana de 4 dias em lei. “Apesar de ser uma luta histórica, o movimento é recente se comparado a outros países”, considera Monica, ressaltando o protagonismo do VAT no Brasil, como uma mobilização política da juventude, para levantar esse debate.

Manifestantes se reúnem em protesto pelo fim da jornada de trabalho 6×1, no Rio de Janeiro. — Foto: Tânia Rego/Agência Brasil.

O que esperar do futuro?

O argumento adotado pelos que se opõem ao fim da escala 6×1 é o de que a economia brasileira vai quebrar se essa jornada for alterada. Será mesmo verdade? Para a pesquisadora do Cesteh/Ensp, da Fiocruz, essa afirmação é uma falácia. “De certa forma, vai ter economia sim, na medida em que vai diminuir o absenteísmo e o afastamento desses trabalhadores”, constata Monica.

Segundo ela, esse argumento contrapõe mais uma vez saúde e economia e retrocede ao auge da pandemia de covid-19, quando se dizia que setores como farmácias e supermercados iriam fechar, por causa da necessidade de distanciamento social, mas na verdade tiveram lucro no período. Uma das consequências do fim da 6×1, na sua visão, será a diminuição dos custos com saúde do trabalhador. “Reduzir a jornada de trabalho vai diminuir o número de afastamentos e as estatísticas de acidentes de trabalho”, analisa.

Para Wesley Fabio, do VAT, o fim da 6×1 é o primeiro passo de um movimento para garantir que as pessoas tenham uma vida além do trabalho. “O trabalhador doente, cansado, continua trabalhando. Mas quando se levanta para pedir dignidade ele vai ser visto como preguiçoso? Vai ser visto como quem quer quebrar o Brasil?”, questiona.

Em julho de 2024, Wesley foi demitido da empresa de moda em que trabalhava, há três anos. Ele conta que fazia a escala de uma da tarde às dez da noite, seis vezes por semana, e folgava apenas um dia. Aos sábados, quando não havia o que fazer, os funcionários propunham um esquema de rodízio à chefia — o que nunca foi aceito. Com a militância no VAT, veio a demissão. “Não me arrependo”, afirma.

No encontro com as pessoas, nas ruas, ele descobriu um novo sentido para sua vida. “Seguimos firmes porque acreditamos. Estamos colocando a vida dos trabalhadores à frente, porque todos serão beneficiados”, diz. A eleição do fundador do VAT, Rick Azevedo, como o vereador mais votado do PSOL na cidade do Rio de Janeiro, com quase 30 mil votos, e a repercussão que a mobilização pelo fim da 6×1 ganhou na internet em 2024 são sinais, para Wesley, de que o movimento tem muito a avançar.

Manifestação em Brasília (DF): protestos contra a escala 6×1 chamam atenção para o pouco tempo que sobra para a família. — Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

“Isso se reflete na recepção que o movimento tem nas ruas. Muitos trabalhadores com olhar de desespero, sabendo que é a única esperança que eles têm. Perguntam: ‘Quando isso vai acontecer? A gente está cansado’”, conta. Os próximos passos incluem a mobilização nas ruas e na internet para a mudança na legislação trabalhista. A petição pública do VAT à Câmara dos Deputados, que pede “a revisão da escala de trabalho 6×1 e a implementação de alternativas que promovam uma jornada mais equilibrada”, já obteve quase 3 milhões de assinaturas.

“As redes sociais deram uma força gigante para o movimento ser o que é hoje”, constata. Porém, isso não significa que eles pretendem sair das ruas. Além das manifestações, o movimento também aposta na conversa olho no olho, com trabalhadores e trabalhadoras. “A gente vai de loja em loja, conversando com atendente, recepcionista, vendedores, segurança, com o porteiro do prédio”, pontua.

Para Monica, a discussão é urgente e deve se intensificar em 2025 — “ano em que acontece a 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e certamente esse debate vai estar inserido”, avalia. A etapa nacional será entre 18 e 21 de agosto e já estão ocorrendo as conferências locais. “Essa discussão vai surgir, até porque o tema deste ano é a saúde do trabalhador e da trabalhadora como direito humano”, conclui.


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