Julho de 1982. Mês e ano de nascimento do Programa Radis. Nome completo: Reunião, Análise e Difusão de Informação sobre Saúde, que abrigava as publicações Súmula, Dados, Tema e Proposta. Vinte anos depois, começava a circular a edição impressa de Radis, mais parecida com a revista que você tem hoje em mãos. Na capa do primeiro número, perguntávamos: “E a Saúde, senhor candidato a presidente, como vai?” Era agosto de 2002 e a matéria dedicava-se a escutar as propostas dos presidenciáveis daquela eleição. A revista tinha 20 páginas e uma tiragem de 42 mil exemplares.
De lá até hoje, crescemos em volume e no número de leitores. Mas seguimos repetindo a pergunta, edição após edição — sejam os nossos entrevistados os aspirantes à Presidência da República, seja dona Maria Grinauria da Silva, seu Lídio Pedroza, Barbara Aires, os quilombolas de Santarém ou os indígenas de São Gabriel da Cachoeira, cada cidadã, cada cidadão, brasileiros. Neste número especial da revista, reunimos a equipe para relembrar os bastidores de reportagens e outras histórias que marcaram nossos caminhos, em uma viagem afetiva pelo tempo e por diferentes Brasis. Um convite a você, leitor, para embarcarmos juntos neste percurso pelo jornalismo de Radis.
Nosso lado
“Como ser imparcial em uma situação de clara injustiça?”, reflete Bruno Dominguez
O aprendizado nas margens
Uma viagem pela Amazônia e pelos diálogos entre comunicação e saúde com o repórter Adriano De Lavor
Vozes ancestrais
Um encontro com a África na Amazônia e com o sonho de uma comunicação democrática, na visão do editor Luiz Felipe Stevanim
Memórias do sertão
Uma experiência de jornalismo que exercita a alteridade e a empatia, na visão da repórter Ana Cláudia Peres
As pessoas, sempre elas
Como o jornalismo pode ser agente de transformação social, na visão de Liseane Morosini
Histórias que não cabem em palavras
Do nascimento do SUS aos Brasis que não se vê, nas palavras do coordenador de Radis, Rogério Lannes
Meu primeiro editorial
A descoberta do mundo maravilhoso dos textos e uma homenagem a uma amiga que partiu, segundo Justa Helena Franco
A engrenagem que move a Radis
Os desafios de imprimir e enviar 125 mil revistas para todo o Brasil, segundo o servidor
Criatividade a serviço da democracia
Quando ingressei no Radis em 2013 estava convicto que o trabalho seria moleza. Diagramar texto numa revista, posicionar as fotos, algum tratamento de cor, fechar arquivo e pronto: repete tudo
O menino que cresceu com Radis
Em agosto de 2010, entrei como estagiário no Programa Radis. Lembro como se fosse ontem o dia que entrei pela sala 515, quando era para entrar pela 513. Minha primeira
De leitora à repórter
Recém chegada à equipe, a repórter Licia Oliveira conta como é integrar a redação de uma revista voltada para comunicação e saúde
Alma jornalística
[In memorian de Marinilda Carvalho]
Repórter apaixonada, editora rígida com os prazos e comprometida com o leitor, ser humano sensível às questões urgentes do seu tempo. Assim era Marinilda Carvalho, editora da Radis entre 2003 e 2010, de quem nos despedimos em 2 de junho em razão de seu falecimento. Jornalista experiente com passagens por Correio da Manhã, Jornal do Brasil, Veja, IstoÉ e Observatório da Imprensa, ela foi responsável por 72 das 100 primeiras edições da revista e ajudou a dar o tom do que a Radis é hoje.
Nas palavras de Rogério Lannes, coordenador do Programa Radis, ela “trouxe uma alma jornalística” à publicação. “Marinilda deu uma contribuição maravilhosa para a Radis: trouxe vitalidade, tônus, paixão, urgência, sensibilidade de repórter e editora, uma fidelidade enorme ao leitor, às pessoas que trabalham no SUS e às que dependem dele”, escreveu, em depoimento. Na redação da revista, Marinilda imprimiu o compromisso público com os leitores. É o que revela uma fala que concedeu, na edição de número 100, à amiga e então editora Eliane Bardanachvili: segundo ela, a parte mais atraente do processo de trabalho era ler as cartas dos leitores. “Sempre adorei ler as matérias, mas o melhor momento eram as cartas dos leitores. Perturbava a redação lendo alto os trechos mais instigantes”, afirmou em 2010.
Sua fidelidade ao leitor se traduzia na busca do zero erro e no compromisso intransigente com o “jornalismo do bem, em sua função social, de serviço público”. “Acreditava no jornalismo e nas nossas reportagens coletivas. Numa cobertura, não descansava enquanto não enxergasse o mote que a justificasse”, ressalta Rogério, ao se recordar da empolgação e do êxtase com que ela planejava uma pauta. “Era de outra geração do jornalismo, rígida, polêmica, exigente, controversa, apaixonada e apaixonante”.
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