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Nossa matéria de capa traz ao leitor de Radis o cerne do que defenderam em Brasília mais de 2 mil gestores, trabalhadores da saúde e usuários do SUS que participaram da 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental: é preciso fortalecer a Política Nacional de Saúde Mental, que superou os horrores e a ineficácia das instituições manicomiais como forma de tratamento no país.

O conjunto de princípios, objetivos e ações dessa política, com prioridades na destinação de recursos, redes de assistência, equipes multiprofissionais especializadas e estratégias de cuidado humanizado foi intencionalmente enfraquecido entre os anos 2016 e 2022.

Esse retrocesso foi acompanhado de um estímulo ao asilamento e privação de liberdade de pessoas em “comunidades terapêuticas” ainda não descontinuado pelo atual governo, o que foi alvo das mais duras críticas na conferência. Essas instituições, geralmente voltadas à doutrinação religiosa e sem oferecer tratamento adequado, foram descritas como “novos manicômios”, que não são “nem comunitárias, nem terapêuticas”.

O repórter Glauber Tiburtino abordou as questões sensíveis da saúde mental a partir da escuta de três delegados que foram à conferência representando o segmento de cidadãos usuários do SUS em diferentes estados. São olhares e narrativas vindos do elo mais frágil na relação e no alcance do SUS junto à sociedade.

Conhecer as tocantes trajetórias de vida de Evani Teixeira, Kleidson Beserra e Vanete Resende nos emociona e ensina muito sobre o valor do acolhimento humano, do envolvimento da família e de amigos, dos cuidados especializados e dos tratamentos de saúde mental em liberdade.

A população em situação de rua vive a intersecção de um conjunto grande de fatores determinantes dos processos de adoecimento, privação de direitos e desigualdade no acesso à saúde, uma realidade que mostra quanto o cuidado integral à saúde requer ações intersetoriais.

Vanilson Torres, que representa essa população no Conselheiro Nacional de Saúde, defende que o cuidado em saúde mental das pessoas em situação de rua deve ter como foco central “a moradia digna como um direito”, além de trabalho, emprego e renda, cuidado em liberdade e políticas públicas estruturantes, como a expansão das redes de atenção psicossocial em todos os estados e municípios.

Nesta edição, as mudanças climáticas e a desigualdade nos impactos das alterações do clima são o tema de matéria da repórter Liseane Morosini, que aprofunda também as discussões sobre agroecologia, “capitalismo verde”, transição energética e justiça climática.

Em entrevista a Adriano De Lavor, o secretário especial de saúde indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, analisa a saúde dos Yanomami, um ano após a decretação de Emergência Sanitária por conta de desassistência e mineração ilegal no território, e fala sobre a “agenda anti-indígena” no Congresso Nacional.

O fundamental legado do militante negro Abdias Nascimento é recuperado pelo editor Luiz Felipe Stevanim, no momento em que a memória do poeta, artista plástico, escritor, dramaturgo, político, professor universitário e ativista dos direitos humanos é honrada com a inclusão do seu nome no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria.

A repórter Izabelly Nunes nos traz a resenha do livro A palavra que resta, de Stênio Gardel. O romance, que fala sobre aceitação e silenciamentos de pessoas LGBTQIA+ no Sertão nordestino, venceu o National Book Award de melhor obra traduzida de literatura nos Estados Unidos.

O tema da luta antimanicomial é rotomado na seção Pós-Tudo com as imagens do desfile da escola de samba Arranco do Engenho de Dentro, no carnaval do Rio de Janeiro, que homenageou Nise da Silveira. O refrão do samba enredo exalta a psiquiatra que revolucionou o cuidado com pacientes com transtornos mentais no Brasil: “Não é delírio não, é felicidade / Nise, a saudade te fez regressar / Reimaginando a insanidade / Loucura é não saber amar”.

Mudança na Radis

A jornalista Ana Claudia Peres, dona de uma escuta sensível e uma escrita primorosa, é a nova subeditora da Radis. Bruno Domingues, que marcou com excelência e discrição a sua passagem na reportagem e edição da revista desde 2006, se desloca agora para outro estado e outra instituição pública. Um jornalista tão competente e comprometido com os direitos e a vida da população tem um valor inestimável para a saúde coletiva. Muito obrigado e até breve, companheiro!

* Coordenador e editor-chefe do Programa Radis

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