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1 Saúde ampla

Um dos maiores hits da música brasileira em 1981, a música Saúde deu nome ao nono álbum de Rita, que recebeu Disco de Platina após vender 400 mil cópias. Na letra, a roqueira resume seu ideal de saúde: “Quero mais saúde / Me cansei de escutar opiniões / De como ter um mundo melhor / Mas ninguém sai de cima, nesse chove não molha / Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim”. Em outro trecho da música, ironiza a morte: “Se por acaso morrer do coração / É sinal que amei demais / Mas enquanto estou viva e cheia de graça / Talvez ainda faça um monte de gente feliz…”

2 Câncer 

Em 2021, depois de fazer um check up, Rita foi diagnosticada com um tumor primário no pulmão. A partir daí, afastou-se dos holofotes para se dedicar aos tratamentos: passou por sessões de quimioterapia e radioterapia. Onze meses depois, recebeu a notícia de que estava “100% curada”. Um pouco antes de morrer, declarou numa rede social que a vida pós-câncer era “parada dura”. A experiência dos dias que se seguiram ao diagnóstico e ao tratamento foi relatada em Rita Lee: outra biografia, lançado postumamente em maio de 2023.

3 Covid-19 e vacina

Sobre Outra biografia, Rita declarou que o livro marcava a despedida da “persona ritalee”. “Achei que nada mais tão digno de nota pudesse acontecer em minha vidinha besta”, justificou, revelando que foi graças à vacina anti-covid que descobriu o câncer. “Foi uma sorte, disseram, eu ter tido reação à vacina, já que, do contrário, não teria ido ao hospital e nem descoberto o câncer rapidamente”, escreveu, na obra que chegou às livrarias no dia de Santa Rita de Cássia (22/5).

4 Morte

Na autobiografia lançada em 2016 ela antecipou a frase que gostaria de ver como epitáfio: “Ela não foi um bom exemplo, mas era gente boa”. A cantora admitiu que seu maior mérito foi ter feito um monte de gente feliz e, sempre irônica, registrou no livro que ao morrer cantaria para Deus: “Obrigada, finalmente sedada”. 

5 Aborto

“Aborto não é uma mutilação no corpo da mulher. (…) Parir e abandonar o bebezinho numa lata de lixo é criminoso. Parir e pôr para adoção é irresponsavelmente confortável. Parir e criar em condições sub-humanas é indigno”, declarou a roqueira, que teve três filhos e optou por um aborto. Quando ainda aguardava a cicatrização de uma cesariana, a cantora foi surpreendida por uma gravidez extrauterina. Decidiu interrompê-la após sofrer uma hemorragia, comentou em seu último livro. “Foi um ato precipitado, que daquele momento em diante eu estaria condenada a lamentar a decisão para o resto da vida (…) Nenhuma mulher faz aborto sorrindo”, escreveu, defendendo que essa é uma decisão que cabe somente a mulher.

6 Drogas

Usuária assumida de algumas substâncias, Rita decidiu largar as drogas em 2005, quando nasceu sua neta. Recentemente, quando se tratava do câncer, ela declarou: “Sei que ainda há quem me veja malucona, doidona, porra-louca, maconheira, droguística, alcoólatra e lisérgica, entre outras virtudes. Confesso que vivi essas e outras tantas, mas não faço a ex-vedete-neo-religiosa, apenas encontrei um barato ainda maior: a mutante virou meditante”.

7 Humor e saúde mental

“Dizem que sou louco / Por pensar assim / Se eu sou muito louco / Por eu ser feliz / Mas louco é quem me diz / E não é feliz / Não é feliz”, cantou com os Mutantes, em 1972, no início da carreira. Autocrítica e mordaz consigo e com o mundo, Rita sempre explorou temas ligados à saúde mental nas letras e nos livros que escreveu. Autora de versos como “Minha saúde não é de ferro, não. Mas meus nervos são de aço”, ela revelou, bem-humorada, o horror das crises de ansiedade experimentadas durante os dias em que foi internada para tratar o câncer em Outra autobiografia.

8 Pedofilia e abuso

Em Rita Lee: uma autobiografia (2016), Rita revelou ter sido vítima de violência sexual quando tinha apenas seis anos. Ela contou que foi estuprada por um homem que foi à casa da família consertar uma máquina de costura. Por um momento, sua mãe a deixou com o homem para atender um telefonema; ao voltar, encontrou a filha sozinha, sangrando com uma chave de fenda na vagina. O episódio nunca chegou aos ouvidos do pai e muitas vezes foi lembrado pela mãe, madrinha e irmã para justificar atitudes “travessas” da jovem Rita.

9 Envelhecimento e finitude

Os temas sempre estiveram presentes nas letras e entrevistas da cantora. “Pra que sofrer com despedida? / Se quem parte não leva / Nem o sol, nem as trevas / E quem fica não se esquece / Tudo o que sonhou, eu sei / Tudo é tão simples que cabe num cartão-postal / E se a história é de amor / Não acaba tão mal”, escreveu em 1975, na música Cartão-postal. Logo depois, retomou o tema em Coisas da vida: “Depois que eu envelhecer / Ninguém precisa mais me dizer / Como é estranho ser humano / Nessas horas de partida”.

10 Emancipação feminina

Apesar de nunca ter se considerado feminista, sua influência na irreverência das mulheres quanto à desigualdade de gênero é, até hoje, considerada um dos maiores marcos do feminismo brasileiro das últimas décadas. Algumas músicas são emblemáticas: Todas as mulheres do mundo, Tabu e Cor de rosa choque — esta última, tema do programa TV Mulher, da Rede Globo, nos anos 1980. 

11 Sexo e prazer

Rita foi uma das primeiras mulheres a falar abertamente sobre sexo e prazer feminino em suas obras. “Vivi intensamente minha época sem pensar que futuramente seria considerada revolucionária. Acho que abri, sim, estradas, ruas e avenidas. E vejo que hoje as garotas desfilam por elas, o que me faz sentir um certo orgulho. Ser pioneira teve um preço, mas também fez escola. Naquele tempo, eu não tinha distanciamento histórico para me perceber como feminista, libertária, quebradora de tabus. Eu simplesmente subia no palco, matava o pau e mostrava a xana”, declarou.

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