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Os coletes azuis se destacam nos corredores da sede do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e Ye’kuana (DSEI YY), nas enfermarias da Casa de Saúde Indígena (Casai), nos polos base e comunidades da Terra Indígena Yanomami (TIY) e nas ruas de Boa Vista. Por trás deles estão os voluntários da Força Nacional do SUS (FN-SUS), profissionais que atenderam ao chamado e partiram de diferentes pontos do Brasil para a capital de Roraima, com o objetivo de auxiliar na resposta à Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) na TIY, declarada no começo de 2023. 

Durante a produção das reportagens sobre a Emergência Yanomami [Leia as outras matérias aqui no site], em março de 2023, Radis acompanhou uma parte da breve capacitação que técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos e nutricionistas convocados para a quarta turma da Força receberam na sede do DSEI YY, antes de entrar em território indígena, e conferiu o trabalho de alguns deles ainda em Boa Vista. 

Como boa parte dos integrantes das primeiras turmas tinham o perfil de emergencistas — acostumados, portanto, a lidar com desastres naturais ou acidentes em grandes cidades — eles tiveram que atuar em situações bem diferentes de suas práticas diárias, encontrando demandas características de uma emergência que tinha como diferencial a desassistência à saúde. 

Para além de combater os agravos e doenças provocados pela invasão do território Yanomami pela mineração ilegal — desnutrição, malária, tuberculose, entre outros — e auxiliar na remoção de doentes para a capital, Boa Vista, eles foram convocados, prioritariamente, para desempenhar atividades e auxiliar em práticas que são muito mais comuns na atenção básica, como busca ativa, nutrição assistida e imunização — e ainda lidar com diferenças culturais do contexto da saúde indígena.

O desafio foi sendo minimizado, no decorrer da emergência, com a promoção de uma capacitação, que os situa sobre a estrutura do Sistema de Saúde Indígena, bem como o fluxo de trabalho dos profissionais do DSEI e da Casai, assim como esclarece alguns contextos culturais importantes para que eles possam melhor contribuir com as atividades já desempenhadas na TIY. “Nosso papel aqui é contribuir com força e volume para a ação dos profissionais que já estão no território”, esclarece a moderadora Franciane Fardin, no início da capacitação. 

Ela adverte para que os voluntários respeitem o trabalho das equipes que sempre estiveram ali, já que não são as responsáveis pela desassistência que encontrarão no território. “Eles são guerreiros”, insiste, descrevendo cenários com muitos problemas a enfrentar. Além das questões estruturais sobre a vida no território indígena, a capacitação também aborda os sistemas de informação utilizados em campo, aspectos da cultura Yanomami e lições básicas sobre diagnóstico e tratamento inicial de malária, oncocercose e outras doenças — assim como o fluxo de atendimento que seguem os doentes encaminhados à capital.

Tudo com o objetivo de potencializar a cooperação dada pelos voluntários para o trabalho, que enfrenta não somente as dificuldades estruturais, mas também a ausência de recursos humanos, e minimizar os efeitos que a atuação em uma emergência desta natureza pode gerar na vida de quem se voluntaria.É comum que, diante da situação crônica de desassistência, muitos voltem para suas cidades com a sensação de culpa ou impotência diante do que viveram, ou fiquem desanimados em relação ao futuro. Em conversa com a Radis, Franciane lembrou de um conselho que recebeu, assim que voltou de sua primeira missão nesta emergência: Não tomar nenhuma decisão precipitada, nos 15 dias seguintes. “A vontade é de largar tudo e voltar ao território”, confidencia, deixando claro que mesmo com sua experiência, a lição maior que ficou foi valorizar cada vez mais o profissional da saúde indígena.


Franciane Fardin, enfermeira

— Foto: acervo pessoal.

“Nós estamos aqui para apoiar a ação das equipes do DSEI que já estão no território. Não somos independentes”, enfatiza a enfermeira Francine Fardin, diante de uma turma de voluntários da Força Nacional do SUS que em breve seguirá para diferentes pontos da Terra Indígena Yanomami (TIY). Como eles, Fran, como é carinhosamente chamada por todos, também é voluntária naquela emergência, mas sua experiência a colocou, em sua segunda missão, como uma das responsáveis por uma breve capacitação que os profissionais passaram a receber antes de iniciarem suas missões.

É que boa parte dos profissionais que atenderam ao chamado da Força no início da Emergência Yanomami eram majoritariamente “emergencistas”, acostumados a atuar em desastres naturais ou acidentes em grandes cidades, porém pouco habituados às atividades de atenção básica e de saúde indígena requeridas em uma situação de desassistência. “Muitos dos primeiros voluntários voltaram frustrados por não terem recebido informações que os preparassem para o que encontrariam no território indígena”, disse Fran à Radis

Foi quase “natural” que ao voltar de sua primeira missão na Força, no polo base de Awaris, Fran fosse convocada a continuar em Roraima e a sistematizar uma breve capacitação para os novos voluntários. “Eu tentei reunir informações que gostaria de ter tido, sempre valorizando a experiência dos profissionais do próprio DSEI, que conhecem o território e falam com propriedade sobre os agravos mais comuns”, explica. 

Fran sabia onde estava pisando, literalmente. Consultora do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (IEPÉ), ela é nascida em Vitória (ES), onde se formou enfermeira pela Faculdade Multivix, e especialista em saúde indígena pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Há 18 anos trabalha na saúde indígena, e durante cinco anos atuou exatamente no DSEI YY, com a população Yanomami, em Roraima. Hoje, vive em Florianópolis. 

“Ser voluntária muda a vida da gente. A vontade que se tem é de largar tudo e ficar lá”, diz, lamentando que a experiência recente em território tenha sido tão contrastante com aquela que havia tido, anos antes. “Naquele momento, eles estavam bem. Ouvia-se falar de garimpo, mas era algo distante, havia um caso ou outro de desnutrição, não na proporção de sete em cada 10 Yanomami passando fome. Isso não acontecia há 14 anos”, avaliou. 


Igor Maia, médico

— Foto: Eduardo de Oliveira.

“Qual a nossa função aqui?”, pergunta Franciane, na capacitação dos novos voluntários da Força, um dia antes de uma nova equipe entrar em território indígena. “Evitar o genocídio!” A resposta dada diz muito sobre o médico Igor Maia, que se voluntariou para atuar na TIY com o objetivo de fazer algo para preservar as culturas indígenas e a saúde do planeta.

Profissional ligado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e à Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMMP), nascido no Crato e morador de Moitas, no Ceará, ele disse à Radis que acreditava que a sua experiência de trabalho em cenários adversos o auxiliaria a contribuir no enfrentamento à Emergência Yanomami. Igor contou que esteve na linha de frente da atenção básica durante a pandemia de covid-19, quando teve que driblar perseguições e a resistência do coronelato nordestino às recomendações da ciência.

Quando se preparava para entrar no subpolo de Waphuta, na TIY, Igor propunha uma perspectiva de cuidado que levasse em conta o protagonismo indígena, mesmo sabendo que o local dispunha apenas de duas placas solares para produção de energia e comunicação via rádio — sem instalações básicas, como água encanada, e muitos casos de desnutrição, tuberculose e malária. As condições não assustavam o médico de família e de comunidade, formado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que apostava no diálogo com os saberes tradicionais: “Trabalho com as farmácias vivas. Eu espero aprender por meio do diálogo. Não é porque sou médico que posso impor meu conhecimento de forma vertical”, disse à Radis

Na volta do território, registrou em sua conta no Instagram: “Desnutrição. Malária. Tuberculose. Oncocercose e várias outras doenças negligenciadas somam-se à poluição dos rios, mineração, desmatamento e outras formas de violência e violações. É necessário, urgentemente, o repensar da caminhada. Semear mudanças, debridar a necrose que se instalou e resgatar a possibilidade de um futuro ancestral”. 


Cleston Soares, técnico de enfermagem

— Foto: Eduardo de Oliveira.

É hora do almoço na Casa de Saúde Indígena (Casai) em Boa Vista; o clima é de aparente calma. Na porta que leva às dependências do prédio onde são feitas consultas médicas, uma pequena fila de pessoas aguarda por vacinação. De repente, uma correria dá sinais de que algo exige atenção imediata dos profissionais. Nazareno, um rapaz indígena, tenta sem sucesso conter com a mão o sangue que atravessa o curativo que já traz no braço. Um rastro de sangue se espalha pelo chão.

Entre os profissionais que largam o que estão fazendo para ajudar a conter a hemorragia, está o técnico de enfermagem da Força Nacional Cleston Soares, mais conhecido como Blade. Lotado no posto de enfermagem 2 naquele dia, ele atende às demandas dos indígenas que procuram atendimento e auxilia na busca ativa de pacientes nas malocas, seja por uma alteração na temperatura corporal ou para intervenção em casos de diarreia ou de desnutrição. Acostumado às intercorrências, no entanto, ele sabe que o que é urgente merece atenção imediata.

Há 14 anos, Blade se dedica ao atendimento pré-hospitalar, como integrante da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em Sergipe. Nos últimos 10, ele atua na supervisão do serviço de Motolâncias, em Aracaju. Na Emergência Yanomami, além dos 11 dias de trabalho na Casai, Blade também foi deslocado para terra indígena, onde ficou 13 dias no subpolo de Waphuta (no entorno do polo de Surucuru). 

Lá, para além das questões de “saúde”, o que mais o impressionou foi a fome vivida pelos Yanomami. “Quando estou atuando no Samu, em Aracaju, sei que a situação é provisória e logo a pessoa vai estar de volta aos braços da família”, revelou à Radis, já de volta à sua cidade: “Não voltei com a cabeça muito boa. É triste saber que voltei ao conforto da minha casa, com alimento e segurança, e lá a situação permanece a mesma. A mudança acontece, mas é muito lenta”, lamentou. 


Dianne Leite Ramos, enfermeira

— Foto: acervo pessoal.

Quem olha à primeira vista a mineira de Montes Claros Dianne Leite Ramos já enxerga a fortaleza de uma profissional dedicada a salvar vidas. Enfermeira de bordo do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ela se preparava para sua segunda missão em território Yanomami, sem esconder a satisfação de repetir a experiência que havia passado, que considerou divisora de águas em sua vida: “Foi sensacional, chego a me arrepiar”, narrou à Radis, relembrando sua ida ao subpolo de Onkiola, próximo ao polo de Awaris, um mês antes da conversa.

Não que a experiência não tenha sido desafiadora. O subpolo, apesar de boa estrutura física, “com banheiro”, não tinha energia elétrica e nem água encanada; apesar disso, a parceria com os outros profissionais e a convivência com o modo de vida indígena a ajudaram a superar os problemas, mesmo que tenha enfrentado muitas caminhadas em mata fechada, alguns tombos pelo caminho e as dificuldades em lidar com o isolamento e a comunicação precária. “Eu cheguei lá no escuro, sem saber o que encontrar. Enfrentei situações difíceis, mas ainda assim falei que queria muito voltar”, confidenciou. 

No momento em que conversa, em frente ao DSEI Yanomami, em Boa Vista, a profissional formada pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) aguarda o embarque para a comunidade de Yaritubi, na expectativa de um desafio maior, já que se dirigia a um ponto do território onde não havia nenhum profissional de saúde. “Vamos começar do zero”, revelou, informando que teria a companhia de dois médicos na missão. “Iremos encontrar uma população completamente desassistida, ansiosos por assistência. Espero fazer a diferença na vida deles”, declarou. 

Foi numa missão emergencial, em 2021, quando assistia pessoas que sofriam com as enchentes no Sul da Bahia, em plena pandemia de covid-19, que Dianne conheceu o trabalho da Força Nacional do SUS e decidiu se voluntariar. Ela comparou a missão às outras emergências em que já atuou. “Às vezes o trabalho é de formiga, mas a troca de energia faz toda a diferença. Para eles e para mim”, define.


Renato França da Silva, enfermeiro

— Foto: Eduardo de Oliveira.

No refeitório da Casai, chama atenção o rapaz barbudo que, agachado, alimenta uma criança Yanomami. Ele é o enfermeiro Renato França da Silva, voluntário da Força Nacional do SUS que durante 21 dias trocou sua rotina de plantonista e doutorando no pronto-atendimento no Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz), no Rio de Janeiro, pela assistência aos indígenas que estão alojados na Casa de Saúde Indígena, em Boa Vista.

Ele já havia sido voluntário da Força Nacional do SUS, em um surto de febre amarela no Norte de Minas Gerais, e esperava vivenciar o combate de doenças infecto-parasitárias em território indígena, principalmente a malária. No momento em que chegou a Roraima, no entanto, a prioridade era dar assistência às crianças que chegavam da TIY com desnutrição moderada e grave. Ele logo se adaptou às atividades de busca ativa, desempenhadas por uma equipe que também incluía uma técnica de enfermagem e uma farmacêutica.

A ideia era identificar entre os indígenas alojados aqueles que precisavam de algum encaminhamento médico, com prioridade em acompanhar as crianças por meio de nutrição assistida. “Foi uma experiência muito enriquecedora, não só por trabalhar com uma população diferenciada, mas também por estar em uma equipe ampliada de trabalho, ao lado de nutricionistas, assistentes sociais e médicos de família”, avaliou.


Livia Rolim Sousa, médica

— Foto: acervo pessoal.

Livia Rolim Sousa nasceu em João Pessoa (PB), foi criada em Boa Vista, onde se formou médica na Universidade Federal de Roraima (UFRR), especializou-se em pediatria no Hospital Infantil Darcy Vargas (HIDV), vinculado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SUS-SP), e passou por diversas especializações na área de nutrologia e medicina integrativa. No entanto, era um sonho antigo trabalhar com saúde indígena, desde os tempos da faculdade, quando seguia os passos da mãe, que também é pediatra e atua nos principais hospitais da capital de Roraima.

Há 10 anos, ela assistiu a uma palestra de dois integrantes da Força Nacional do SUS, quando vislumbrou a possibilidade de atuar junto aos Yanomami no mesmo estado onde se formou. Uma década depois, quando conversou com Radis, ela estava de partida para o polo base de Surucucu, sem saber ao certo o que encontraria, mas com grande expectativa de ajudar. O polo, conhecido por ser um dos bem equipados da TIY — com água encanada, energia elétrica, internet e pista de pouso — é uma das referências na região, razão pela qual Lívia previa trabalhar com muitas remoções de pacientes indígenas para a capital.

“Como não vou ter que me deslocar muito para comunidades próximas, a minha expectativa é auxiliar os profissionais do DSEI a desafogar o sistema, que já está saturado”, disse ela, enquanto aguardava para se submeter ao teste de covid-19, antes de embarcar para o território. Já com o resultado de seu teste negativo em mãos, ela complementou: “Eu preciso sentir que vou conseguir fazer o melhor que puder e ser o mais resolutiva possível”. 

No Instagram, em postagens sobre a experiência, ela postou: “Sabem aqueles momentos que sentimos como se conseguíssemos nos sintonizar com uma estação de rádio perfeita e entender as mensagens do Universo? Quando conciliamos nossas paixões, talentos e esforços com nosso propósito de vida, os sentimentos de gratidão e plenitude transbordam e fica difícil de expressar apenas em palavras”. 


Adriano Porfírio Piza, enfermeiro

— Foto: acervo pessoal.

No auditório do DSEI YY, o enfermeiro intervencionista Adriano Porfírio Piza confere o conteúdo de uma pequena maleta que cada equipe levará em sua missão à Terra Indígena Yanomami: um aparelho de ultrassom portátil, um tablet e um telefone via satélite, que irão com ele à comunidade Paapiu. “Desta vez é como se fosse fazer a exploração do local, por isso vou preparado como se fosse a primeira viagem”, diz ele à Radis, explicando que o destino desta viagem era diferente da primeira, quando esteve no polo Cataroa, na região de Surucucu.

Em Paapiu, conta ele, há notícias de muitos casos de desnutrição, de problemas respiratórios e de malária grave; em sua companhia estavam indo mais dois enfermeiros e um médico. “Não há nada de internet, nem de energia elétrica. Esse telefone é nosso único recurso de comunicação”, conta ele, ressaltando que, em território, espera contar com a ajuda dos agentes indígenas de saúde na interlocução com os Yanomami. 

“Eles são nossos principais interlocutores. Sabem quem é quem na comunidade, indicam guias para nos acompanharem na mata, nos alertam a parar no caminho para ver um beija-flor, a não trilhar o mesmo caminho que as jararacas, e ainda identificam de longe o barulho de um buruburu (helicóptero)”. A experiência na floresta é única, garante, bem diferente das que viveu em seus 22 anos de formado e mesmo da sua primeira missão na Força Nacional do SUS, quando ajudou as vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019. “Desde então, não ter fronteira para mim é prazeroso”, admitiu.

Antes de partir, o profissional de Arapongas, formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, disse que não via a hora de ajudar as crianças, e citou o prazer em contribuir com as estratégias de alimentação assistida. “Na hora em que a gente vê uma criança mais forte, é como se um poste ficasse de pé. Esse é o gás que nos energiza”, revelou, destacando a receptividade dos Yanomami às orientações de saúde. 


Eduardo Cardoso Vargas, enfermeiro  

— Foto: acervo pessoal.

Era a primeira missão de Eduardo Cardoso Vargas como voluntário da Força Nacional do SUS e ele não escondia a expectativa em partir para a comunidade de Palimiu, ao norte do polo base de Surucucu. Formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o enfermeiro que atua no Hospital Conceição, em Porto Alegre, disse ter se sensibilizado para atuar na Espin após assistir às imagens estarrecedoras de crianças morrendo na Terra Indígena Yanomami. “Quando soube que havia profissionais de Porto Alegre vindo para cá, eu corri para me voluntariar”, conta ele à Radis, enquanto confere parte do equipamento que levaria ao território.

Sobre a missão que o aguardava, ele informou que não havia nenhum profissional da FN-SUS atuando no local, mas havia profissionais do DSEI, os quais ele esperava poder ajudar. Em relação às condições de trabalho, disse saber que havia “um pouco de estrutura” para receber a equipe — ele, uma médica e um enfermeiro. Água de poço, energia elétrica, internet e telefone por satélite, no entanto, não resolveriam uma questão que o preocupava, que seria a comunicação com os Yanomami, um dos assuntos abordados na capacitação que recebeu em Boa Vista. “Minha expectativa é que a recepção seja boa e que possamos interagir”, disse.

Apesar de sua experiência nas áreas de urgência e emergência ser exclusivamente intra-hospitalar, ele estava confiante em poder ser útil. “Não é exatamente a minha especialidade, mas como a missão é emergencial, estou tecnicamente capacitado”, declarou. Após voltar do território Yanomami, Eduardo se disse muito impactado pela experiência. Ele afirmou entender melhor as questões que ligam os Yanomami ao seu território depois de conviver com eles em seu contexto cultural. “De longe é difícil entender”, explicou, destacando a contribuição dos agentes indígenas de saúde no cuidado ofertado pela equipe com quem atuou em Palimiu. “Eles nos ajudaram muito na tradução e na contextualização do atendimento”.

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