A

Menu

A

Como funciona e o que esperar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, que reunirá representantes de 190 países em Belém, no mês de novembro? Em que ela se difere das anteriores e que contribuição pode dar para conter a crise climática e mitigar suas consequências? Qual o peso da Cúpula dos Povos, que vai reunir organizações e movimentos sociais? Que temas e pautas já estão em discussão?

Para responder a essas questões, os repórteres Glauber Tiburtino e Jesuan Xavier entrevistaram representantes de instituições nacionais e internacionais. Ouviram também lideranças de organizações e movimentos populares preocupados com os rumos do planeta e com os territórios e as populações mais atingidos pela crise ambiental.

Para o coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, Paulo Gadelha, “a questão da saúde tem grande dificuldade de ser incorporada nas declarações finais das COPs”, mas é preciso dar respostas concretas, com equidade. “As situações mais vulnerabilizadas necessitam de mais atenção”.

“Queremos garantir espaço para discutir temas como a titulação de territórios, enfrentamento de violências, políticas de gênero e a valorização dos nossos modos de vida”, afirma Selma Dealdina Mbaye, liderança da Confederação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). “Há cerca de 500 anos, os quilombolas mantêm seus territórios de pé, preservando a natureza, protegendo os rios, vivendo em harmonia com a natureza”.

O antropólogo Aurélio Vianna afirma que as pautas da transição energética e do financiamento climático “estão praticamente estagnadas”. Em contraponto, destaca as experiências bem-sucedidas de fundos de financiamento geridos por organizações indígenas e quilombolas da Amazônia. “Um modelo de novo tipo, baseado na autonomia e no protagonismo das organizações que atuam na proteção dos territórios e também criam novas soluções de financiamento”.

Nessa edição, reportagem sobre segurança do paciente, apurada em um hospital no Rio de Janeiro, mostra os cuidados recomendados internacionalmente para a qualidade da assistência à saúde e a prevenção de erros, falhas e eventos que possam causar sofrimento e danos aos pacientes.

Na seção Súmula, o leitor encontra notícias sobre saúde nas escolas, alimentação saudável, combate ecológico ao Aedes aegypti, novas vacinas, avaliação nacional e internacional do SUS, intervenção questionável do Conselho de Medicina contra a população LGBT+, democracia versus golpe de estado, os danos à ciência decorrentes de medidas do governo Trump.

A compreensão das questões relacionadas à mudança climática esbarra na resistência do modelo de desenvolvimento econômico hegemônico

A compreensão das questões relacionadas à mudança climática esbarra na resistência do modelo de desenvolvimento econômico hegemônico e de um processo ideológico e comunicacional desencadeado pelos atores políticos e empresariais a ele vinculados, que visa à deslegitimação dos consensos científicos sobre as questões ambientais e outros temas.

Outra face desse problema é que os artigos de qualidade ou relevância questionável e, principalmente, os não devidamente avaliados por revistas pseudocientíficas e predatórias estão contribuindo, supostamente em nome da ciência, para a indústria de desinformação e a descredibilização da ciência em escala mundial.

A pressão produtivista na academia, valorizando mais a quantidade de artigos publicados do que a qualidade deles, somada à escassez de bons revisores e pareceristas, com avaliações superficiais e sem checagem real dos dados, vem afetando a qualidade da produção editorial na ciência, avalia a pesquisadora Marilia Sá Carvalho, uma das editoras-chefes do Cadernos de Saúde Pública, vinculado à ENSP/Fiocruz, em entrevista à Radis.

No caso das revistas predatórias, que lucram com a publicação de qualquer artigo produzido sem rigor acadêmico e com revisão orientada ao não questionamento de qualidade, a participação na onda de desinformação é mais grave, por ser, muitas vezes, intencional. São publicações que constrangem e demitem revisores sérios, resistem aos pedidos de retratação da comunidade científica e, frequentemente, atuam explicitamente para a disseminação de análises e conclusões falsas ou divergentes dos consensos científicos.

Em meio ao processo de desinformação movido por grandes controladoras da tecnologia de informação e comunicação, mídia comercial, ultraliberalismo econômico, ultraconservadorismo e corporações dependentes do uso espoliativo do ambiente e da degradação das condições de vida e trabalho das populações, é uma alegria receber mensagens como a da leitora Juliana Carvalho, que publicamos na Voz do Leitor: “Quero agradecer por me apresentarem tão bem à biologia (saneamento básico), que me levou à área da saúde. Minha consciência de classe também veio de vocês. Só recebi 12 exemplares e nunca mais tive uma, porque eu ganhava de uma pessoa que era assinante. Mas foi suficiente para me apaixonar por cuidar do próximo.”

Rogério Lannes Rocha, coordenador e editor-chefe do Programa Radis

Sem comentários
Comentários para: Cuidar do planeta e do próximo

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Anexar imagens - Apenas PNG, JPG, JPEG e GIF são suportados.

Leia também

Próximo

Radis Digital

Leia, curta, favorite e compartilhe as matérias de Radis de onde você estiver
Cadastre-se

Revista Impressa

Área de novos cadastros e acesso aos assinantes da Revista Radis Impressa
Assine grátis