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“Tem muita gente que admira esse trabalho de equipe e lembrar disso nos ajuda a superar tantas dificuldades para botar essa caravela no mar bravio”

Palavras do editor e coordenador do Programa Radis, Rogerio Lannes, ao ler as cartas enviadas pelos leitores publicadas nesta edição

O Programa Radis chega aos 40 anos. Não foi fácil percorrer tantos anos, mantendo-se fiel ao compromisso de defesa da saúde e da democracia para o povo brasileiro. Foram muitas idas e vindas na política, na economia, na saúde, na produção, no esporte e na cultura. Algumas idas chegaram a ameaçar o Programa, mas não houve desistência do sonho, que cresceu sem nunca perder a essência — e há 20 anos lançou a revista Radis, que chega na casa de quase 125 mil leitores e de milhares de outros que a encontram no site e nas redes sociais. Já são 234 edições, sem ter faltado nenhum mês.

As comemorações serão “com” e “para” os leitores espalhados pelo Brasil afora. E já começaram. Assim, nesta edição, Radis publica cartas de alguns desses leitores e leitoras, que relatam o uso que fazem das leituras e o que esperam ver publicado no futuro. Muitos a usam nas salas de aula, em discussões com os alunos; outros em preparação para as provas de vestibular, enquanto muitos profissionais de saúde buscam conhecer outros assuntos; enfim, todos por um bom uso, o que orgulha toda equipe do Programa Radis.
O que nasceu parecendo um sonho é uma realidade para os servidores que fizeram e para os que hoje também fazem Radis acontecer, com a certeza de que os avanços são a força motriz para ativar ainda mais o senso de responsabilidade e de ir sempre além.

A pandemia volta nesta edição, desta vez também trazendo cartas de personagens contando como viveram os últimos dois longos anos. São narrativas emocionantes que traduzem os sentimentos de pessoas que começam a olhar ao redor e contabilizam o estrago que um vírus causou. Todos são sobreviventes, muitos aguentaram o tranco e entendem que não precisam silenciar as angústias. Entendem que é preciso escrever como forma de agradecer a quem lhes deu colo e cuidados, quem investiu na ciência e mandar um recado para a história, para que outras gerações não apostem em negacionismos, autoritarismos e na indiferença, que fez dos dois últimos anos um triste período de crueldades e mortes.
Altas temperaturas ou frio intenso, chuvas torrenciais provocando deslizamentos e mortes ou secas extremas são fenômenos que mostram que a dinâmica do planeta vem mudando drasticamente. E um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) adverte: “A mudança climática é uma ameaça ao bem-estar humano e à saúde planetária”. Além deste relatório, outro da Organização das Nações Unidas (ONU) já declarou que a situação climática no mundo é irreversível e que há previsão de desaparecimento de cidades inteiras, além do aumento de refugiados climáticos — pessoas que migram em busca de melhores condições climáticas para sobreviverem — e refugiados das guerras.

Tudo isso acende um alerta para que cada um faça sua parte, desde a reciclagem até o consumo consciente, em que pese saber que os maiores poluentes são grandes empresas e países, além das guerras que também causam grandes impactos na biodiversidade e nos ecossistemas, com a contaminação do ar, do solo e da água, ao mesmo tempo que ceifam milhões de vidas como bem relatado no Pós-Tudo desta edição.

O planeta está ameaçado, mas não se pode desistir dele, assim como não se pode desistir da humanidade e da vida.

Com o avanço da vacinação contra a covid-19, já é possível um retorno à quase normalidade. Mas ainda há incertezas com seus rumos e consequências. Além das mortes, os impactos psicológicos, como ansiedade, estresse e depressão, desde o início da pandemia, foram aumentando durante todo o curso da doença, não só na população em geral, mas também entre os profissionais de saúde, com maior incidência nos que estão na linha de frente da assistência.

Quanto maior o tempo de exposição a estes impactos, maior é o risco do desenvolvimento de síndromes como a de Burnout, fenômeno psicossocial que surge como resposta ao estresse no trabalho e se caracteriza por exaustão emocional e reduzida realização pessoal com a atividade exercida. As ações de saúde mental, especialmente em tempos de pandemias, são vitais numa população que permanecerá convivendo com muitas sequelas decorrentes da covid-19.

Resiliência, empatia e responsabilidade com a saúde de todos estarão sempre na ordem do dia para fazer frente aos sentimentos de medo, desesperança e solidão.

Boa leitura!

Justa Helena Franco - Subcoordenadora do Programa Radis
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