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Não é um banco para cuidar de dinheiro, contas, aplicações e tudo que envolve a economia. Mas é um banco que envolve salvar vidas.
Nesta edição Radis mostra a importância dos Bancos de Leite Humano (BLH), que tiveram seu reconhecimento na constatação de que contribuíram para diminuir a mortalidade infantil em décadas passadas e hoje se estendem em uma Rede pelo Brasil e dezenas de países com a referência do aleitamento materno como recurso terapêutico, em que a mulher tem o protagonismo e o bebê é o beneficiário.

Quando se fala em BLH, o nome de João Aprígio é sempre lembrado. Foi ele quem alavancou o processo que se apropria da tecnologia de alimentos, com todo o rigor técnico que também está presente na expansão e implantação do modelo. Para Aprígio, “não é só transferir o modelo, mas transferir princípios em uma base de rigor técnico e apoiar cada local respeitando as suas peculiaridades”. 

Hoje, o primeiro BLH do Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fiocruz é referência nacional; e toda a rede criada a partir de suas experiências há 40 anos é reconhecida como responsável pela redução da mortalidade e da morbidade neonatal e diminuição da incidência de doenças crônicas, e agraciada com importantes prêmios, fazendo do Brasil referência mundial na promoção ao aleitamento materno.

São muitas histórias contadas por mães à repórter Liseane Morosini. São muitos agradecimentos e é visível o orgulho dos profissionais ligados à Rede Brasileira de Leite Humano (rBLH) — uma das estratégias do Ministério da Saúde que, para além do alimento/leite coletado e distribuído com qualidade certificada para bebês prematuros e de baixo peso, oferecem apoio, acolhimento e orientação que fazem a diferença entre a vida e a morte de centenas de crianças todos os anos.

As mudanças climáticas no mundo todo têm acendido o alerta de que é preciso cuidar do meio ambiente e muito se discute como será o futuro diante dessas mudanças provocadas pela intervenção humana. Uma intervenção utilitária que exige da terra mais do que ela é capaz de oferecer, já que o lucro sob o disfarce de que é preciso atender ao consumo, sai ditando regras. O muito não parece o bastante para quem pode pagar. 

Essa visão utilitarista não conhece o desenvolvimento equilibrado. E assim segue ignorando os alertas vindos da natureza, esgotando o solo com o plantio de alimentos com agrotóxicos, aterramento de manguezais, poluição de rios e mares para extração de minério e combustíveis fósseis, queima e derrubada de matas e florestas, como se não houvesse gerações que necessitarão viver neste planeta.

Este ciclo de destruição do humano pelo humano precisa urgentemente ser barrado com a adoção de medidas ecológicas e sustentáveis. Uma mudança de paradigma com alcance global envolvendo ciência, conhecimento, saber tradicional e ação.

Para discutir esses caminhos, o Rio de Janeiro recebeu o 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), que reuniu povos indígenas, quilombolas, agricultores familiares, pesquisadores, políticos e o filósofo e escritor Ailton Krenak. O tema central do encontro destacou a importância da agroecologia, presente no campo e nas cidades, e capaz de garantir o direito à alimentação adequada para todos, superando desigualdades e o fantasma da fome e promovendo melhoria das condições sociais de produtores rurais, que alimentam e respeitam a saúde das pessoas sem agredir a terra.

O agronegócio produz commodities, às quais os economistas atribuem um importante papel para a balança comercial do país. Mas sem controle, consciência e uma política de preservação do meio ambiente, seu avanço só tem demonstrado uma forma perversa de tratar a terra, pulverizando pesticidas proibidos em diversos países e praticando a monocultura que empobrece e agride o solo em enormes extensões, ignorando os saberes ancestrais na prática da diversidade de alimentos e preservando a biodiversidade com o plantio e manejo do solo.

Além de discutir a importância da agroecologia, o 12º CBA deixou como referência uma carta construída por muitas mãos, que destaca a necessidade de retomar e fortalecer políticas públicas capazes de estruturar o sistema agroalimentar e a retomada de programas para combater o flagelo da fome que já ronda 33 milhões de brasileiros, e ainda a urgência de medidas estruturais contra a expansão fundiária desordenada e suas graves consequências. Os leitores de Radis poderão acessar o site para conhecer todo seu teor.

O Brasil que acompanhou os danos ambientais, sociais e emocionais das tragédias provocadas pela mineradora Vale em Brumadinho e em Mariana, agora teme repetir outro desastre, dessa vez por outra mineradora, a Braskem, que extrai o sal-gema em Maceió, capital alagoana, onde milhares de moradores tiveram de abandonar suas casas, fazendo com que alguns bairros se transformassem em áreas fantasmas. 

Sob o título Lágrimas de sal, Radis traz o relato deste drama vivido por mais de 200 mil pessoas que sofrem os impactos de ter os espaços onde vivem sendo “engolidos” por enormes crateras, sob olhares complacentes do poder público e da mineradora.

Boa leitura!

Justa Helena Franco, Subcoordenadora do Programa Radis

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