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2023 será lembrado como o ano mais quente da história. Desde janeiro, a temperatura média do planeta é a mais quente já registrada para os primeiros 10 meses do ano, segundo dados do observatório climático da União Europeia Copernicus. O recorde de calor vai sendo batido mês a mês. A temperatura média da superfície dos oceanos atingiu o recorde de quase 21° C e, pela primeira vez, a temperatura média mundial ficou 2° C mais quente em comparação com níveis registrados na era pré-industrial (1850-1900). 

O aumento de calor é resultado das contínuas emissões de gases que provocam o efeito estufa, combinadas com El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico. Segundo a última atualização divulgada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), El Niño deve durar ao menos até abril de 2024, informou o G1 (8/11). O fenômeno acontece a cada dois a sete anos e dura, em média, um ano. Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, anunciou que 2024 será um ano ainda mais quente. 

Em decorrência das altas temperaturas, 15 Estados brasileiros e o Distrito Federal estavam sob alerta de “grande perigo”, segundo diferentes agências de meteorologia, como publicado pelo site da BBC Brasil (16/11). Em algumas cidades, houve previsão de que a sensação térmica poderia ultrapassar os 50° C. De acordo com a matéria da BBC, o calor extremo está relacionado a um processo chamado “domo de calor”, no qual ocorre o aprisionamento de uma grande massa de ar quente numa determinada região, que impede a chegada de frentes frias ou chuvas, e faz os termômetros subirem drasticamente.

Os impactos aconteceram em todo o país, alterando paisagens e causando destruição, com secas, incêndios florestais, ciclones, chuvas intensas e enchentes. No Norte, o desmatamento e o fogo agravaram a crise climática. A capital Manaus foi encoberta por uma nuvem de fumaça causada por queimadas. Vários rios perderam a vazão e carcaças de mais de 100 botos foram vistos no leito de um lago seco como resultados diretos da segunda maior seca na Amazônia em 13 anos, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

O forte calor, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), traz riscos para a saúde. Se o aumento de temperatura não for controlado e a temperatura corporal continuar subindo, respiração, pele, rins e coração podem ser afetados, observou matéria da BBC (14/11). Por sua vulnerabilidade, crianças, idosos e as populações de áreas periféricas dos centros urbanos, particularmente pessoas negras, são as mais afetadas pelo calor extremo. Falta de arborização e saneamento agravam impactos de alta temperatura, observou a Agência Brasil (25/11). 

No Rio, houve aumento dos diagnósticos de mal-estar e fadiga; hipotensão (pressão baixa); efeitos do calor e da luz; síncope e colapso; e edema, revelou a Agência Brasil. Foi anunciado (27/11) um plano de contingência para minimizar os impactos das ondas de calor na população. 

 [Leia entrevista com o pesquisador Carlos Machado, “Ultrapassamos o limite”, Radis 253]

Bloqueio atmosférico

“Na atmosfera, se forma um sistema que impede qualquer outro fenômeno meteorológico, como chuvas ou frentes frias. É como se fosse uma grande bolha de ar quente”

(Marina Hirota, professora associada da Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR, ao traduzir a onda de calor à BBC, em 16/11)

Calor desigual

“Nas áreas periféricas dos centros urbanos há menos infraestrutura e menos assistência à saúde, ao transporte, ao saneamento e à moradia. Tudo isso tem relação com a forma como vamos enfrentar os efeitos causados pelas mudanças climáticas.”

(Diosmar Filho, geógrafo, pesquisador da Universidade Federal Fluminense, à Agência Brasil, em 25/11)

Faça a conta: quanta água você deve tomar por dia?

São 35 ml diários para cada quilo. Uma pessoa com 60 kg, deve multiplicar 60 kg x 35 e precisa tomar 2,1 litros por dia. Se tiver 85 kg, é recomendado 3 litros por dia (80 x 3,5 kg). 

Cidades submersas

O clima muda, provoca o avanço do mar e põe cidades costeiras em risco. Caso nada seja feito, centenas de cidades povoadas vão enfrentar um risco acrescido de inundações até meados do século, segundo relatório da ONU. A expectativa é que 5% da população que vive próxima ao mar seja afetada. No Rio de Janeiro, o pior dos cenários aponta para uma elevação do mar em 20 cm até meados do século e de 48 cm até 2100. Em Belém, serão 21,6 cm e 49 cm, respectivamente. No caso de São Luís e Fortaleza, a projeção aponta para uma elevação do nível do mar em 50 cm até o fim do século, registrou o UOL (28/11).

Vítimas do fogo

Cenas da destruição provocada pelo fogo no Parque Estadual Encontro das Águas, em Mato Grosso, área que tem a maior concentração de onças-pintadas do mundo. Em 2023, o fogo já consumiu mais de 1 milhão de hectares do Pantanal mato-grossense, o triplo do que foi registrado em 2022, conforme dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ).

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