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Em Altamira (PA), considerado o maior município do Brasil em extensão territorial segundo o censo de 2022, Larissa Santos é uma mãe atendida pela Estratégia Saúde da Família (ESF). Aos 27 anos, a professora de Ciências Humanas e pós-graduada em Letras — Linguagem e Ensino, precisou enfrentar a gravidez durante um dos períodos mais tensos para a população mundial: a pandemia de covid-19.

Ela conhecia a saúde da família por meio das equipes que passavam nas casas fazendo a identificação das necessidades em saúde, mas não tinha tido uma história de proximidade até a gravidez. Em 2019, durante a gestação, Larissa foi até a unidade de saúde que atendia seu bairro para fazer o pré-natal: “Eu recebi a caderneta da gestante, eles explicaram como funcionava e continuei indo lá”, relembra.

Ela conta que, por meio do atendimento na unidade básica de saúde, teve acesso às consultas periódicas e medicações, assim como às consultas espontâneas. “Sempre que sentia algum desconforto que não fosse emergência, podia ir lá no ‘posto’ e esperar ser atendida. Não tinha muita dificuldade para ter esse atendimento”, relata.

Todo o acompanhamento da gravidez ocorreu na Unidade Básica de Saúde, que havia acabado de ser reformada e contava com uma equipe que Larissa gostou muito, pelo comprometimento dos profissionais. No começo da gestação, ela e o pai da criança puderam participar de palestras que ocorriam a cada 15 dias sobre a saúde da mulher, do bebê e dos pais. “No ‘postinho’, também me informaram que tem um plano de parto no SUS, que era um direito garantido”, conta sobre a surpresa ao descobrir que poderia escolher como queria ter o seu bebê.

Durante o período de isolamento da pandemia, no começo de 2020, a equipe de saúde da família solucionou o problema criando grupos em aplicativos de mensagem com as gestantes e as mães acompanhadas nos primeiros seis meses após o parto. O atendimento médico continuou presencialmente, porém com agendamento de horário e redução de público. Em um dos momentos mais delicados da sua vida, Larissa precisou enfrentar o medo de um vírus sobre o qual, até então, não tinha muitas informações. Contudo, em todo o acompanhamento da gravidez, sentiu-se segura porque os profissionais da unidade eram muito atenciosos.

Porém, os exames que precisariam ser feitos no único hospital que atendia a região tinham uma demora de meses. “Tudo que eu podia fazer no ‘postinho’, era realizado, só que quando tinha que fazer uma coisa que dependesse de outro lugar, aí eu já tinha essa dificuldade”, relata. 

Para realizar as ultrassonografias necessárias, ela optou pela via particular, pois não conseguia ser chamada no Hospital Regional Público da Transamazônica. “Eu ia na central tentar agendar e demorava dois ou três meses, tanto que eu fui chamada para fazer ultrassom depois que o Malcom nasceu”, desabafa sobre o que ela considera uma das maiores dificuldades da população local com a saúde pública.

Por ter uma experiência boa no acompanhamento da gravidez, Larissa foi surpreendida no parto. “Meu parto foi muito sofrido, muito difícil. Como eu tinha tido esse atendimento super humanizado e acolhedor no ‘postinho’, eu achei que no hospital seria da mesma maneira”, fala. Ela ficou quase dois dias em trabalho de parto, sem conseguir ter dilatação suficiente e a equipe negou o direito ao acompanhante por causa das restrições da pandemia. 

Com crises de ansiedade, mãe de primeira viagem e sofrendo bastante, teve que fazer valer o seu direito de ter um acompanhante por meio da movimentação de amigos. Além disso, Larissa reclama da brutalidade com a qual foi tratada: “Não olharam sequer meu plano de parto”. No nascimento do seu filho, não teve seus desejos como mãe e como mulher respeitados.

Após esse trauma, precisou recorrer à atenção básica novamente. “Eu tive depois atendimento psicológico porque eu fiquei muito mal. Recebi encaminhamento para fazer as terapias no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), [participei] das rodas de conversa que oferecem”, conta a mãe que voltou a ter o acompanhamento da equipe de saúde da família, com a qual conseguiu ter os encaminhamentos necessários e o acolhimento devido.

Malcom, que nasceu saudável e hoje tem 4 anos, sempre foi assistido pela Estratégia Saúde da Família. As vacinas, as consultas e o acompanhamento do seu desenvolvimento também foram na unidade. Atualmente, a família recebe visitas em casa dos agentes de saúde para assistir as necessidades.

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